É na integração entre as diferentes forças de repressão que o governo federal aposta para conter os crimes transfronteiriços, como o contrabando de cigarros. Inaugurado há pouco mais de dois meses, o primeiro Centro Integrado de Operações de Fronteira (Ciof) do País, em Foz do Iguaçu (PR), promete ser um instrumento importante para combater o crescente comércio ilegal no setor de tabaco.
Idealizado pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, o Ciof é inspirado nos fusion centers, criados nos Estados Unidos após o ataque às Torres Gêmeas em setembro de 2001. À época, o governo norte-americano concluiu que, embora dispusesse de um grande número de agências voltadas ao combate ao terrorismo, elas pouco conversavam entre si. Então, decidiu colocá-las para dividir o mesmo espaço físico.
Instalado em um prédio dentro do complexo de Itaipu, o Ciof permitiu que passassem a trabalhar lado a lado agentes da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional, Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Receita Federal e a Secretaria de Operações Integradas (Seopi). “Hoje já há uma boa integração. Mas o contato ainda é um pouco distante. Não trabalhamos sentando na mesma mesa. O Ciof veio para colocar as instituições para trabalhar juntas, no mesmo local”, explica o delegado da PF Emerson Rodrigues, que coordena o centro.
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Conforme Rodrigues, o principal ganho com esse modelo está no compartilhamento de informações. Embora tenham atribuições em comum, cada instituição possui sua própria base de dados à qual apenas os seus servidores têm acesso. Todas essas bases estão hoje acessíveis simultaneamente junto ao Ciof e podem municiar ações de repressão. Exemplo: se a PF está investigando um grupo que atua no contrabando de cigarros, pode acionar o Ciof, que consultará as informações de todas as instituições instaladas ali.
A ideia é que o Ciof também trabalhe na concepção de operações conjuntas – embora, até o momento, nenhuma tenha sido colocada em prática – bem como em ações de cooperação internacional e de inteligência. O plano do Ministério da Justiça é implantar outros centros em regiões estratégicas. Foz do Iguaçu foi escolhida para o projeto-piloto por causa de sua relevância: está situada em uma tríplice fronteira (Brasil, Argentina e Paraguai), mantém um fluxo expressivo de pessoas e historicamente registra a ocorrência de diversos crimes, como tráfico de drogas, tráfico de armas e contrabando.
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O roteiro
A região de Foz do Iguaçu foi a primeira parada da expedição Os caminhos do tabaco – Contrabando, da Gazeta do Sul, que teve início no domingo, 8. Ainda nessa segunda-feira, 9, a equipe realizou entrevistas no Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf) e acompanhou ações de repressão em Santa Terezinha de Itaipu e junto à Ponte Internacional da Amizade, que liga Foz a Ciudad del Este, no Paraguai. Nesta terça-feira, 10, a expedição viajará mais 180 quilômetros ao norte para conhecer outro ponto-chave do contrabando no país: a fronteira de Mundo Novo, no Mato Grosso do Sul, com a paraguaia Salto del Guaíra. O retorno a Santa Cruz está previsto para esta quarta-feira, 11.
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