O Instituto Crescer Legal encerrou um ciclo ontem com a apresentação da quinta e última turma do piloto do Programa de Aprendizagem Profissional Rural, em Santa Cruz do Sul. Os 19 jovens da turma de Linha Boa Vista recepcionaram autoridades, associados, parceiros e familiares em evento organizado na Comunidade Nossa Senhora Auxiliadora, situada junto à Escola Estadual de Ensino Fundamental Guilherme Simonis.

É nessa escola que as atividades do instituto acontecem desde 16 de novembro, com o apoio da 6ª Coordenadoria Regional de Educação (6ª CRE), que cede uma sala de aula, além de laboratório de informática e alimentação, e da Secretaria Municipal de Educação de Santa Cruz do Sul, que viabiliza o transporte dos participantes.

A consultora do Crescer Legal, Ana Paula Motta Costa, explicou que o instituto foi criado a partir de ações que já eram desenvolvidas pelo Sinditabaco para combater o trabalho infantil. “A conscientização é uma das ferramentas para alcançar o objetivo, mas identificou-se que era necessário oferecer alternativas, especialmente aos adolescentes.” Assim, criou-se o Programa de Aprendizagem Profissional Rural. As empresas associadas ao instituto passaram a utilizar suas cotas de aprendizes com os jovens rurais. E, ao invés de trabalhar na empresa, os jovens participam do curso Empreendedorismo em Agricultura Polivalente, voltado para a gestão rural. “O que queremos é que os jovens se preparem da melhor forma para o trabalho. Nossa esperança se renova todos os dias por meio da juventude, seja ela urbana ou rural”, ressaltou Ana Paula.

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O curso terá duração média de 11 meses, com quatro horas diárias de segunda a sexta-feira, totalizando 920 horas. A proposta da formação está voltada ao desenvolvimento de um empreendedor em agricultura polivalente, que planeja e administra a unidade de produção. O público-alvo para o projeto-piloto é de adolescentes de 14 a 18 anos, cursando o ensino regular e oriundos de famílias de pequenos produtores rurais, em especial, produtores de tabaco.

Projeto-piloto segue preceitos da Lei da Aprendizagem

A educadora de referência da turma, Graziele Pinton, falou da seriedade e do comprometimento do instituto e liderou o momento simbólico de entrega dos crachás aos aprendizes. O projeto-piloto do Programa de Aprendizagem Profissional Rural é pioneiro e segue os preceitos da Lei da Aprendizagem, oferecendo aos jovens salário proporcional a 20 horas semanais, além de certificação e demais direitos (Lei 10.097/2000 e Dec. 5598/2005). Em Santa Cruz, os jovens são contratados pelas empresas Alliance One e Universal Leaf Tabacos, associadas ao instituto. As atividades são realizadas no turno inverso ao escolar.

O diretor-presidente do Instituto Crescer Legal, Iro Schünke, salientou a grande oportunidade que os alunos têm nas mãos para se desenvolver. “O grande diferencial do instituto é trazer a aprendizagem profissional para o campo, sem tirar o jovem do contato com as suas raízes. A aprendizagem vai acontecer no curso, com o auxílio dos educadores, que têm feito um ótimo trabalho. Além disso, é fundamental a participação dos pais.” Atualmente, cinco municípios contam com o piloto do programa: Candelária, Santa Cruz, Vale do Sol, Venâncio Aires e Vera Cruz. 

Para o coordenador da 6ª CRE, Luiz Ricardo de Moura, a educação voltada às questões rurais é fundamental e merece um trabalho permanente, para que as crianças e adolescentes do campo possam ter alternativas viáveis a sua realidade. “Pretendemos cada vez mais aproximar parcerias para que esse projeto não fique apenas no piloto.”
A secretária municipal de Educação, Jaqueline Marques de Souza, observou que pesquisa recente identificou o anseio dos jovens pelo maior uso de tecnologias e de aulas que os preparem melhor para o futuro. “O Crescer Legal está construindo essa escola do futuro e, para nós, é uma honra fazer parte dessa história.”