A dificuldade de dormir ou conseguir manter um sono contínuo durante a noite também pode acometer crianças. Para elas, entretanto, a insônia tem características distintas. Enquanto nos adultos as situações estressantes são as maiores causadoras de noites mal dormidas, nas crianças, a insônia tem caráter comportamental. Por isso, o tratamento demanda mudança de hábitos da família e o estabelecimento de uma rotina para pais e filhos, principalmente à noite.
Nos primeiros meses de vida, o bebê tem um sono espaçado ao longo das 24 horas, dormindo em média 16 horas por dia. Com o passar do tempo, esse período vai diminuindo, e ele dorme entre 11 e 14 horas. Quando completa 12 meses, a criança já tem um período de sono mais prolongado à noite e faz 1 a 2 cochilos de dia.
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Nesta fase, o bebê pode ter dificuldade para iniciar e manter o sono, precisando da presença e intervenção dos pais, dando colo, embalando, oferecendo o seio materno ou a mamadeira. “Existem crianças que estão acostumadas a dormir somente após mamar, ficar no colo e ser embalada. Por isso, quando despertam no meio da noite, chamam os pais para que eles repitam este ritual”, alerta o pediatra Gustavo Moreira, pesquisador do Instituto do Sono.
É a chamada insônia por distúrbio de associação. Geralmente, explica o médico, é desencadeada quando a criança adoece, principalmente nos primeiros anos de vida, necessitando de atenção redobrada dos pais. As doenças mais comuns nesta fase são bronquite, refluxo gastroesofágico, alergia à proteína do leite de vaca e infecções de repetição. Outros gatilhos são mudanças de casa, cidade ou início precoce da creche.
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Na criança maior, o comportamento é diferente e ela tenta prorrogar o início do sono dizendo que está com fome, sede ou medo. Ela pode acordar no meio da noite e ir para o quarto dos pais, que a levam de novo para o seu quarto. “Esse vaivém dura até uma hora que, por cansaço, os pais deixam a criança dormir na cama do casal ou numa cama ao lado. É a chamada insônia por falta de limites”, explica o médico.
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Segundo o especialista, algumas crianças podem apresentar os dois tipos de insônia combinados ou migrar do distúrbio de associação para o de falta de limites. “Esse problema é bem frequente, em torno de 20% das crianças. Famílias vivem esse problema, de uma forma mais intensa ou menos”, relata o médico.
O maior problema de noites mal dormidas é que as crianças podem ficar irritadas, agressivas e desatentas ao longo do dia. Segundo Moreira, a insônia pediátrica está associada ao fato de que, para a criança, o horário de dormir está relacionado ao momento de separação dos pais. Caso não exista um processo de transição, o bebê vai chorar quando estiver sozinho no berço e a criança maior vai usar subterfúgios para não dormir.
“Para o tratamento da insônia infantil, primeiro é preciso ensinar a criança a dormir sozinha. Para isso, a gente tem que fazer a higiene do sono. Quase ninguém faz, mas é importante”, reforça o especialista.
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Não há fórmula mágica para que as crianças durmam a noite inteira, mas com paciência e dedicação dos pais na aplicação da higiene do sono, a prática pode ajudar os pequenos a dormirem melhor. A higiene do sono é um conjunto de atividades tranquilas que direcionam a criança para o momento de dormir.
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Estabelecer rotina – definir horários fixos para a criança dormir, acordar e fazer uma soneca nos sete dias da semana. “Tem que ter uma regularidade no horário para dormir e antes de dormir, uma hora antes, desligar os eletrônicos”, reforça o especialista.
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Evitar o uso de telas – celulares, tablets e aparelhos de televisão servem de estimulantes para as crianças. O uso deve ser evitado de 1 a 2 horas antes do horário de ir para cama.
“Esses dispositivos têm um conteúdo estimulante. E a luz que é emitida pelo tablet, celular, vai lá no cérebro dizer que é dia, e não é noite. A criança tem que parar de pular, de correr e fazer uma atividade calma como desenhar, por exemplo”
Hora de dormir – o melhor horário para a criança ir para a cama é no início da noite. A escuridão vai estimular a produção da melatonina, hormônio que facilita o sono.
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Banho quente – o banho ajuda a tranquilizar a criança. Mas tem que ser um banho calmo, sem muitas brincadeiras.
Ritual de sono – diminua o ritmo e a movimentação da casa. Essa sucessão de eventos ajuda a criança a se acalmar e a sinalizar que é hora de dormir. Inicie desligando as luzes no ambiente principal da casa, por exemplo. Em seguida, ela deve ir ao banheiro para escovar os dentes e depois ir para o quarto dormir.
Contar histórias – “antes de apagar as luzes, os pais podem cantar uma canção, fazer uma oração ou contar uma história para seu filho”, aconselha o especialista.
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