Regional

Insegurança alimentar deixa líderes mundiais em alerta

As questões ambientais têm concentrado a atenção dos gestores mundiais nas últimas décadas. Pactos para a diminuição da emissão de carbono na atmosfera são assinados a cada novo encontro dos presidentes, sobretudo, dos países mais influentes. O último biênio, no entanto, mudou a tônica dessas conversas. A insegurança alimentar foi para o topo das preocupações. 

A afirmativa é do titular da Diretoria de Projetos do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Fernando Schwanke, que completou um ano na atividade recentemente. O órgão é vinculado à Organização dos Estados Americanos (OEA) e tem sede em San Jose, na Costa Rica.

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Ex-prefeito de Rio Pardo, Schwanke acompanhou essa ampliação da preocupação dos gestores com a produção de alimentos no mundo, principalmente pelas consequências da pandemia na economia. “A instabilidade no setor vem, a partir da pandemia, com problemas no fornecimento de matéria-prima, logística e instabilidade de preços”, explica. 

Isso foi somado à guerra no Leste Europeu. “Fez com que o IICA mudasse os rumos no próprio discurso. O grande tema mundial é a insegurança alimentar”, frisa. O fato de ter continuado produzindo, conta Schwanke, passou a falsa ideia de que o setor não estaria sentindo os efeitos da pandemia. Exemplifica o problema com o preço dos fertilizantes. Eles tiveram reajuste de 288% nos últimos dois anos. “É consequência da pandemia, somada à guerra Rússia/Ucrânia, além dos fenômenos meteorológicos. Continuamos produzindo, mas estamos em crise”, aponta.

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Números que preocupam

A preocupação com a questão da produção de alimentos é reforçada pelos números. Somente na América Latina e Caribe, 12 milhões de pessoas estão em situação de insegurança alimentar. Países como o Haiti, por exemplo, têm 46% de sua população nessa condição. 

Diante disso, conta Schwanke, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) anunciou investimento de US$ 331 milhões na tentativa de minimizar o problema. Parceiro, o IICA vai apoiar o órgão norte-americano na aplicação desse recurso. 

Os dados não se restringem às Américas. Em todo o mundo, em 2021, havia 123 milhões de pessoas em insegurança alimentar. Neste ano, mais 40 milhões devem ser impactadas, crescimento de cerca de 30%. 
E se o assunto merece atenção agora, para medidas a curto prazo, a demanda crescente fará com que ações a médio e longo prazos sejam tomadas. Em 2050, o planeta terá mais 3 bilhões de habitantes. “O Brasil terá papel fundamental na produção de carne, soja e trigo”, reforça. 

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A importância da política internacional

Países produtores como o Brasil sofreram impacto significativo com o início da guerra no Leste Europeu. Fernando Schwanke destaca que o setor produtivo depende, e muito, da importação de fertilizantes da Rússia. Metade do fosfato monoamônico, 30% do potássio e 20% da ureia são comprados desse país. “A gente importa 700 mil toneladas de fertilizantes da Rússia”, acrescenta.

O governo brasileiro, por meio da ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina e do presidente da República, Jair Bolsonaro, defende que os fertilizantes não integrem as sanções impostas à Rússia em razão da guerra porque fazem parte da produção de alimentos. “Se colocassem sanções na venda desses produtos, os agricultores acabariam usando menos fertilizantes e produzindo menos alimentos, o que causaria insegurança alimentar”, diz Schwanke.

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O momento é considerado delicado. Na cúpula dos sistemas alimentares da Organização das Nações Unidas, o continente foi o único com posição consensuada em defesa do produtor, com argumento da relevância da ciência usada para tomada de decisões e a agricultura como parte da solução no câmbio climático. A ideia é que os países da América Latina e Caribe formem consenso novamente para a participação na COP 2027, no Egito. “Em setembro, devemos ter reunião de ministros em nossa sede para a formulação dessa ideia”, adianta.

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Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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