Reaproveitamento de lixo eletrônico, reutilização da água, carregador de celular sustentável e até incentivo à alimentação saudável estiveram entre os trabalhos apresentados por expositores de 56 escolas estaduais na segunda Mostra Regional de Projetos. O encontro ocorreu durante a manhã e a tarde de ontem no pavilhão dois do Parque da Oktoberfest, em Santa Cruz do Sul, e revelou ações voltadas ao empreendedorismo e inovação.
Já imaginou como seria se você fizesse chá ou café e pudesse colocar a sua xícara em um compartimento térmico? Alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental (EEEF) Lindolfo Silva, de Sobradinho, pensaram nisso e foram além. Não só criaram um porta-xícara que mantém a bebida quentinha, como elaboraram até um batedor de café para quem quiser economizar tempo. Essas duas produções e até uma caixa de som foram montadas com eletrônicos e peças que seriam descartadas. “Esse trabalho começou em uma disciplina de Geografia e nos envolveu ao longo de dois meses. É interessante observar as criações e ver que não gastamos praticamente nada. É só lixo eletrônico”, disse o estudante Robert Carvalho, de 15 anos. Os únicos custos do projeto foram as compras de cola quente, estanho, chumbo e fitas para produzir as engenhocas sustentáveis.
Sananda e Sanara Couto e Julia Wenzel ensinaram a filtrar água. Foto: Lula Helfer.
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Na onda da inovação e preocupação com o meio ambiente, três alunas do oitavo ano da Escola Estadual de Ensino Médio Wolfram Metzler, de Venâncio Aires, trouxeram ao estande o passo-a-passo da reutilização da água. Em uma garrafa pet, adicionaram quatro camadas: algodão, carvão, areia e brita, e explicaram a função de cada um dos elementos para a filtragem da água. “A brita e a areia servem como uma barreira física para as partículas da terra. Já o carvão filtra os poluentes químicos”, explicou Sananda do Couto Soda, 14 anos. O projeto “Água e sua reutilização” tem como intuito disseminar a importância do reaproveitamento para uso em sistemas de descarga e até mesmo para lavar o carro.
Apesar de não estimular a competição, a mostra elegeu os 17 melhores trabalhos.
Empreendedorismo e educação
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A mostra encerrou o curso de Elaboração de Projetos e Educomunicação, oferecido pelo setor Pedagógico e Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE) da 6ª CRE aos educadores. Conforme uma das professoras responsáveis, Mariluci Prestes de Moraes, o evento, além de servir como um resgate das antigas feiras de ciências, reforça a interdisciplinaridade. “Apesar de todas as adversidades e problemas financeiros, ainda contamos com excelentes professores que acreditam nas propostas.”
Para Mariluci, um dos grandes ganhos esteve centrado no empreendedorismo voltado à educação. “Não focamos esse empreender no sentido de empresa, mas sim na inovação. É o aluno analisar um problema e encontrar uma forma criativa para resolvê-lo.”
Geração Click apresenta empreendedores de sucesso
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A segunda mostra regional de trabalho também serviu para inspirar. Enquanto 356 expositores se entretinham com a apresentação dos trabalhos, alunos de escolas convidadas assistiram a palestras de empreendedores na sexta edição do Geração Click. O projeto, organizado pela ONG Foco Empreendedor no pavilhão central, convidou representantes do Exército, Dugges Dance e Cindapa para darem seus relatos e chamar a atenção dos jovens para a força de vontade. “São exemplos de pessoas que começaram com muito pouco e hoje são cases de sucesso”, disse um dos organizadores e membro da Foco, Jorge Almeida.
Trio de Sobradinho mostrou invenções feitas de lixo eletrônico. Foto: Lula Helfer.
Carregador de celular a energia solar
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Um projeto criado a partir da preocupação com o impacto ambiental gerado na obtenção de energia elétrica é o carregador de celular a energia solar. Elaborado por alunos do Instituto Estadual Educação Gomercinda Dornelles Fontoura, de Encruzilhada do Sul, consiste em duas pequenas placas fotovoltaicas que servem, com o apoio de estabilizadores, para recarregar os dispositivos móveis.
Segundo o professor de ciências, Théo Pires, a participação dos alunos funciona como incentivo para o aprendizado fora da sala de aula. “Fazemos esses trabalhos extras e práticos para que os alunos tenham a compreensão além dos livros”, explicou.
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