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Inicia colheita da maior área de cebola híbrida do Estado

Ela é considerada como um dos principais temperos. Amada por uns, odiada por outros. Esse legume, que tem sua origem no Continente Asiático e encontrou no Brasil um bom lugar para se desenvolver, possui como particularidade arrancar lágrimas de quem a corta. É a popular cebola. No Centro Serra, no município de Estrela Velha, teve início a colheita da maior área de cebola híbrida do estado do Rio Grande do Sul. A lavoura, com 35 hectares, toda irrigada, pertence à SC Cereais, de propriedade dos irmãos Ana Rubria Ceolin de Bertoli e Paulo Sérgio Ceolin.

A ideia surgiu por se tratar de uma cultura de inverno e para otimizar áreas de pivô para irrigação que estavam paradas, tendo em vista que em Estrela Velha prevalecem as culturas de grãos: trigo, canola e soja. “É uma tentativa de inovação na região. Estamos buscando alternativas de renda, mas também pretendemos dar opções a clientes, sem contar no desafio de aprender novas culturas, isso é gostoso, é maravilhoso. Mas é claro, não é só aprender, tem que ter rentabilidade. Buscamos uma cultura de inverno, mesmo sabendo que o produto é de alto investimento e risco”, disse Paulo Sérgio Ceolin, ressaltando que a cebola híbrida tem um alto potencial genético e também é uma cultura de alta produtividade e pode chegar a 150 toneladas por hectare. “É uma leguminosa melhorada. Se nós fôssemos trabalhar com uma cebola comum, por exemplo, iria chegar no máximo de 50 a 60 toneladas por hectare. Como nossa ideia sempre foi alcançar boa produtividade, optamos pelos melhores materiais que tinha no mercado”, destacou o engenheiro agrônomo Glaucus Braga. “Demos o ponta pé inicial. Plantamos uma área expressiva para realmente gostar da ideia e obter bons resultados”, complementou Paulo Sérgio.

O engenheiro disse que é a maior área do Estado do Rio Grande do Sul. “Mas não é nada assustador. Talvez até seja, no início, porque Estrela Velha sempre foi conhecida pela cultura de grãos. Mas a família Ceolin sempre prima pelo o empreendedorismo. Nós estamos buscando novos conhecimentos e materiais bons. A lavoura (resteva) que sobra para a cultura é muito positiva, nós temos cerca de três toneladas de adubo por hectare”, complementa.

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Ana Rubria Ceolin de Bertoli confirmou que “realmente o Paulo Sério e o Glaucus são muito inovadores e gostam de arrumar algo diferente. Não é a primeira vez. Meu irmão não é de hoje, há muitos anos, foi o primeiro a implantar a cultura da canola e assim vai indo. É bacana. Dou os parabéns para eles e vamos comprando a briga juntos, acreditando e sabendo que tudo são desafios. Quero deixar meu agradecimento aos produtores de toda e qualquer cultura porque eu acho que são verdadeiros guerreiros. Nós dependemos tanto de clima, de governo, de preço. Então volto a frisar que são desafios muito grandes a serem enfrentados. O produtor todo ano deposita a confiança na semente, no campo e na terra”, frisa.

Conforme o engenheiro agrônomo, o plantio foi realizado em junho e a colheita teve início em novembro. Devido as intempéries (duas chuvas de pedras) mais o temporal de 1º de outubro, a leguminosa sofreu perdas. “Tivemos problemas com o clima, a lavoura foi totalmente danificada, e sofremos uma quebra de praticamente 50%. Tínhamos uma projeção inicial  de colher em torno de 60 toneladas por hectare. Mas hoje, acreditamos atingir apenas entre 30 a 40 toneladas por hectare”, estima. Já a comercialização, pelo volume, será realizada para redes de distribuição, ou seja, 95% para o mercado externo. Eles esperam que o preço se mantenha, entre R$ 1,00 e 1,20 o quilo.

Quanto a colheita, Glaucus explica que funciona em dois processos: primeiro o arranque. “Ela matura na roça entre sete e dez dias”. E depois o recolhimento. “Compramos uma máquina que não se adaptou a nossa estrutura de solo. Resolvemos colocar o arranque manual mas é possível mecanizar em quase 100%”, explica.   

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Foi instalado na SC Cereais, unidade de Estrela Velha, a parte de beneficiamento. “Estamos com 18 pessoas trabalhando diretamente no processo de desatolar a cebola, classificação, ensaque e depois comércio. Na colheita estamos com uma parte do arranque manual e uma parte depois é mecanizado. São mais cerca de 35 a 40 pessoas trabalhando”, contou Paulo Sérgio.
Ele disse ainda que que se trata de uma questão cultural de querer fazer. “Aqui dá cebola sim. A qualidade é espetacular com uma casca muito boa”.

Por ser uma cultura nova, Glaucus explica que as maiores dificuldades foram na agricultura. “Hoje, se fala muito em riscos, e qualquer cultura se corre riscos. É inevitável. Tivemos um pouco de dificuldades no preparo do solo, talvez porque são áreas mais arenosas, o tempo também dificultou. Água sempre tínhamos, são culturas irrigadas. Claro, que com o temporal também tivemos problemas, pois os pivôs tombaram e ficamos sem água cerca de 20 dias”, relata. Mas ele foi enfático: “A região é propicia para a cultura da cebola. Faz cinco anos que estou aqui. A região é fantástica. A cultura é espetacular. O que eu quero deixar dito para o produtor rural é o seguinte: não tenham medo, arrisquem. Hoje o país está nas mãos do produtor rural. Desconheço região tão adaptada aos solos tão férteis. Admiro muito a região. E o país depende de nós e dos produtores. Não desistam”, orientou.
O colheita está prevista para encerrar no final de dezembro. Após, na área, será feito o plantio da soja, que é uma cultura de verão.

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