Embora a Capital gaúcha não seja reconhecida nacionalmente pelos desfiles de suas escolas de samba, no cenário local, no entanto, o evento é uma tradição que emociona milhares de pessoas. Nas duas primeiras noites do carnaval deste ano, foram vendidos todos os ingressos colocados à disposição do público. O palco da festa é o Complexo Cultural do Porto Seco, localizado na zona norte da cidade. Inaugurado no carnaval de 2004, o local conta com uma pista de 341 metros de comprimento, por onde desfilam as 27 escolas de samba que estão em atividade em Porto Alegre.
Na madrugada de domingo, pela vigésima sexta vez , o porteiro José Carlos de Lemos fantasiou-se para sambar no Porto Seco. Ele desfila desde 1991 pelo Estado Maior da Restinga, escola da zona sul de Porto Alegre, e confessou que chora todos os anos, momentos antes de entrar na pista do complexo: “É este o carnaval que eu amo, que eu conheço. Se alguém me falar da Mangueira e da Portela, lá no Rio de Janeiro, eu vou achar legal. Mas o desfile que me emociona é este aqui, da minha terrinha, da cidade onde eu moro.”
A paixão pela festa na Capital também se percebe nas arquibancadas. A auxiliar de cozinha Ana Paula da Silva larga tudo para ir ao carnaval. “Até o meu marido, que não gostava, agora vem comigo todos os anos pro Porto Seco”. O estudante Vagner de Lima disse que passa os dias que antecedem o desfile escutando os sambas-enredo das escolas para aprender. “É sensacional acompanhar todos os anos as escolas se preparando para brilhar desse jeito na pista.”
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O secretário de Cultura de Porto Alegre, Roque Jacoby, é otimista com o futuro do carnaval na cidade. Para Jacoby, o carnaval porto-alegrense tem potencial para chegar ao nível dos desfiles realizados no Rio de Janeiro e em São Paulo. “O nosso carnaval certamente vai se tornar, daqui a alguns anos, uma referência nacional que também vai atrair muitos turistas.”
Jacoby informou que a Prefeitura de Porto Alegre assinou convênio com o Ministério da Cultura para fomentar e desenvolver a cadeia produtiva do carnaval. Com a parceria, a Capital captou R$ 3,3 milhões para financiar a compra de material pelas escolas de samba. Além disso, parte da verba será aplicada na realização de oficinas para bordadeiras, costureiras, marceneiros e outros profissionais. “Já em 2017 teremos um carnaval com uma qualidade visivelmente superior ao desse ano”, garantiu o secretário.
Ontem desfilaram oito escolas: Esporte Dá Samba; Bambas da Orgia; Estado Maior da Restinga; Embaixadores do Ritmo; Império da Zona Norte; Unidos de Vila Isabel; União da Vila do Iapi e Imperadores do Samba.
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