Moradores de diversos bairros de Santa Cruz do Sul reclamam da grande quantidade de mosquitos nas casas e nas ruas. O problema, que em alguns pontos costuma ser frequente, se agravou nas últimas semanas com as altas temperaturas e a umidade, que favorecem a proliferação tanto de pernilongos quanto de borrachudos e do Aedes aegypti – transmissor da dengue, zika vírus e chikungunya –, espécies bem adaptadas às áreas urbanas.
De acordo com o professor do curso de Ciências Biológicas e do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Andreas Köhler, o pernilongo possui hábitos noturnos e se reproduz na água suja, enquanto o Aedes prolifera em água limpa e ataca, principalmente, no período da tarde.
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Köhler destaca que, além do clima favorável à aceleração do ciclo natural desses insetos, existem outros dois fatores dominantes. “Não podemos esquecer que a fragmentação do ambiente provocada pelas ações do homem, com desmatamentos, queimadas e construções irregulares, contribuiu para a destruição do habitat desses insetos. Agora temos que nos acostumar a conviver com sua presença. Outro detalhe foi a falta de cuidados. Com a Covid, muitas pessoas pararam de limpar o pátio, de tirar a água acumulada dos recipientes, de cortar a grama e limpar o mato dos terrenos”, destaca.
“O clima deste ano é muito favorável para os insetos. Na agricultura temos mais pragas que em outros anos e aumentou a presença de baratas e de insetos voadores que procuram pela luz do interior de nossas casas. Os próprios gafanhotos chegaram bem próximos.”
Para se proteger das picadas dos mosquitos, o uso do repelente é indispensável, principalmente fora de casa. Além dos produtos industrializados, o professor afirma que há várias substâncias naturais com propriedades de repelir os insetos. “Podem ser usados citronela, lavanda e cravo da índia, entre outros. Quem utiliza aqueles aparelhos eletrônicos, pode substituir o produto químico por uma dosagem de óleo de citronela ou qualquer outro de sua preferência, com álcool e água. É uma opção para fugir um pouco do produto químico e utilizar o ecológico. Não tem a mesma eficácia, mas chega a 80%”, revela.
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Como prevenir
Para evitar que a casa fique infestada de insetos, é necessário tomar alguns cuidados e medidas de prevenção. A limpeza de materiais e locais diariamente evita o acúmulo de água parada e de entulhos, e com isso impede que o mosquito prolifere naquele espaço. Outra dica é tampar caixas-d’água, desentupir calhas, colocar telas em privadas e ralos pouco usados e tirar água das bandejas do ar-condicionado e dos pratinhos de vasos de plantas. São atitudes que devem fazer parte da rotina. “As pessoas têm que parar de poluir o meio ambiente. Todos reclamam dos insetos, mas poucos contribuem – destroem seu habitat e poluem o ar quando andam de automóvel. Reclamam das baratas, mas geram tanto lixo que permite que elas proliferem”, alerta o professor Andreas Köhler.
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RECLAMAÇÕES POR TODA PARTE
A proliferação de mosquitos foi um tema abordado na manhã de ontem na Rádio Gazeta, gerando diversas manifestações de ouvintes. Muitos sugeriram que a Prefeitura deveria tomar providências, com a aplicação de produtos em áreas próximas de sangas e córregos. Outros pediram que se aumente a fiscalização da limpeza dos terrenos baldios.
O uso de spray e de repelente para reduzir a circulação dos mosquitos já faz parte da rotina do corretor de imóveis Marcos Knack, 53 anos, que mora no Bairro Bom Fim. “Chega a ser algo impressionante. Os repelentes e aparelhos eletrônicos não dão conta. Como sou alérgico, a preocupação é maior, porque fica um caroço no local da picada. Nunca tinha visto tanto mosquito, de dia e de noite, de tamanhos tão diferentes”, comenta. Segundo ele, em outros anos a Prefeitura fazia a prevenção, mas ultimamente não estaria realizando.
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Na casa do comerciário Everaldo Fontella, de 42 anos, no Bairro Arroio Grande, os pernilongos incomodam dentro e fora da casa. “Não tem como deixar uma janela aberta, eles entram”, conta. Ele credita a infestação ao aumento dos terrenos baldios. “Só perto da minha casa, próximo ao Colégio Luiz Dourado, há três terrenos com mato alto e acúmulo de lixo. Já entrei em contato com a Prefeitura, mas até agora nada foi feito. Não sei o mais o que fazer, porque além dos mosquitos, saem cobras e ratos desses locais”, destaca. A Gazeta do Sul entrou em contato com a Prefeitura para obter um posicionamento sobre o problema. No entanto, até o fechamento desta edição, não havia recebido resposta.
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