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Happy Hour

Infância inesquecível

Minha infância praticamente foi toda vivida em Trombudo. Nos primeiros anos, morei na casa onde os meus pais criaram seus sete filhos. Ficava fora do núcleo central da vila.

Nossa casa era local de peregrinação dos candidatos do PSD. Lembro-me de alguns políticos daquele tempo. Os mais conhecidos eram os deputados Silvérius Kist e Euclydes Kliemann; prefeitos Edmundo Hoppe e Orlando Baumhardt; vereadores Harry Werner, Benno Kist e Willy Paixão.

Essa liderança do meu pai, Edwino Haeser, em Trombudo, levou-o a ser nomeado subprefeito do sétimo distrito, cargo que exerceu durante oito anos. Naquele tempo, quem detinha a função era obrigado a ser também o subdelegado de polícia, mas sem remuneração. Ganhava somente o salário da Prefeitura. Saímos da nossa velha casa e nos mudamos para a sede da subprefeitura, que até hoje existe nas imediações da Prefeitura de Vale do Sol.

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Meus irmãos mais velhos sempre contavam uma história pitoresca do meu pai como subdelegado. Seu Haeser era obrigado a usar uma arma na cintura, a fim de ser respeitado pelos brigões metidos a valentes nas canchas de bocha ou pelos ladrões de galinha e de gado. As brigas generalizadas nos salões eram frequentes. Os arruaceiros eram obrigados a comparecer à sede da subprefeitura para serem devidamente fichados ou até presos. A arma que o pai carregava na cintura era herança paterna, todavia, nunca funcionou. Esse segredo ele não contou para ninguém.

Meus amigos de infância continuaram os mesmos. Estudava na Escola Rural Reunida, em frente ao Cemitério Evangélico. O trajeto, de mais ou menos um quilômetro, era feito a pé. A maioria dos colegas não usava nada nos pés. O máximo que um ou outro calçava era um chinelo de couro ou um tamanco.

Nos jogos de futebol no pátio da escola, no recreio, de vez em quando alguém tirava uma lasca do dedão ao errar a bola e chutar uma raiz da árvore ou uma pedra no campo improvisado. As goleiras também não existiam. O espaço era marcado por dois tijolos ou algumas pedras. A briga era enorme para validar algum lance de gol meio duvidoso. Valeu ou não valeu, eis a questão. Ainda mais quando o jogo estava embatucado. O dialeto alemão era a linguagem oficial naquele momento do jogo, o português era reservado somente para as aulas.

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Alguns colegas, filhos do médico, farmacêutico ou escrivão, por exemplo, já usavam um tênis Conga. Após alguns anos, quando alguém ganhava uma Conga no Natal, podia usá-la somente para as aulas de Educação Física. O uniforme era de uso obrigatório. Os meninos e meninas usavam um guarda-pó branco comprido e no bolso vinha bordado o nome da escola.

Os nossos professores eram nossos heróis. Todos respeitavam e veneravam seus mestres. Nunca esqueci a dona Léslie Scherer, minha primeira professora.

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