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CRESCIMENTO

Indústrias da região vão na contramão do Estado

Foto: Alencar da Rosa

Exportação de tabaco

Dois indicadores foram apresentados neste mês pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs). Ambos, levando-se em consideração os números estaduais, são negativos. O primeiro semestre representou um recuo de 2,3% no Índice de Desenvolvimento Industrial (IDI). Já as exportações registraram retração de 0,4% em julho, na comparação com o mesmo período de 2022. Nas duas situações, o Vale do Rio Pardo destaca-se de forma positiva, graças ao desempenho da cadeia produtiva do tabaco, entre outros segmentos.

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Sobre o IDI, a Fiergs aponta a trajetória volátil, haja vista que houve crescimento de 2,1% em maio, que não conseguiu repetição, voltando à tendência de queda registrada desde setembro de 2022. “Os resultados consolidam o fraco desempenho do setor durante a primeira metade do ano. O cenário econômico pouco favorável, com a demanda interna insuficiente; os juros elevados e os altos níveis de incerteza com o futuro impactaram fortemente”, explica o presidente da Fiergs, Gilberto Porcello Petry.

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A pesquisa é realizada em 16 setores. Dez deles caíram, com destaque negativo para as indústrias da área de madeira (-16,5%). Do outro lado, minimizando o efeito do recuo, estão os equipamentos de informática e produtos eletrônicos (13%). Tradicional fonte de renda no meio rural e industrial da região, o tabaco registrou crescimento de 6,1% no semestre, no comparativo com 2022. Couros e calçados, que também têm representatividade no Vale, ampliaram em 3,8%.

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Em relação às perspectivas, Petry vê que o cenário agrega elementos favoráveis. “A queda da inflação, a redução dos juros, a diminuição da incerteza com a questão fiscal e a aprovação da reforma tributária podem sustentar alguma recuperação da atividade no segundo semestre, mas que dificilmente terá força para recompor as perdas do primeiro e levar a indústria a um crescimento.”

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Os problemas e as soluções para a retomada

A indústria de transformação do Rio Grande do Sul fechou o mês de julho com US$ 1,5 bilhão em exportações, o que representa retração de 0,4% na comparação com o mesmo mês de 2022 (US$ 6,3 milhões a menos). Em relação ao acumulado de janeiro a julho, o recuo é ainda maior, de 3,6%, frente ao mesmo período do ano anterior. “Essa queda no faturamento no mês passado ocorre principalmente por causa dos preços médios dos produtos exportados, que recuaram 5,7%”, afirma Gilberto Porcello Petry, ao analisar os resultados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Ao contrário dos preços, as quantidades exportadas em julho aumentaram 5,6% ante o mesmo período de 2022.

O tabaco, principal produto regional, foi na contramão e registrou aumento no faturamento. Contabilizou US$ 254,8 milhões, representando 131% a mais do que o mesmo período de 2022. Apesar de ser um impulsionador, esse não é o único ativo do Vale. O presidente da Associação Comercial e Industrial (ACI) Santa Cruz do Sul, César Cechinato, acrescenta artigos de utilidade doméstica, equipamentos tecnológicos, fogões e balcões refrigerados, entre outros.

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Cechinato reforça a posição do presidente da Fiergs ao apontar os juros elevados e um cenário externo desfavorável como fatores que justificam a retração da indústria gaúcha. A reforma tributária, que tramita no Congresso Nacional, é vista como ponto positivo. “Somente com o fim da cumulatividade (efeito cascata dos impostos), a indústria brasileira terá um ganho médio de competitividade de 7,4%. Sem contar a diminuição da burocracia e da insegurança jurídica”, cita.

A tributação excessiva é vista como um dos componentes do “custo Brasil”, que afasta investidores. Outros pontos, elenca Cechinato, devem ser atacados, como a infraestrutura precária, a baixa produtividade, o dinheiro caro e a educação deficiente. A retomada da indústria, voltando a assumir o protagonismo na formação do Produto Interno Bruto (PIB), segundo ele, depende do aumento da produtividade, o que pode representar uma “neoindustrialização”. Atualmente, a capacidade instalada no Rio Grande do Sul não passa dos 78%. É o menor índice desde 2021.

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