O indicador Intenção de Consumo das Famílias (ICF), divulgado nessa segunda-feira, 23, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), registrou alta pelo terceiro mês consecutivo, crescendo 2,1% em agosto e totalizando 70,2 pontos. O resultado é o melhor desde abril deste ano (70,7 pontos) e superior em 6,1% ao registrado no mesmo mês de 2020 (66,2 pontos).
A economista Catarina Carneiro da Silva, responsável pelo ICF, destacou, no entanto, que o índice se mantém abaixo do nível de satisfação (100 pontos) desde abril de 2015, quando ficou em 102,9 pontos. Segundo Catarina, como a perspectiva de consumo foi o item que mais cresceu em agosto (5,6%), as famílias parecem acreditar que as condições vão continuar melhorando. “A tendência é que continue aumentando o indicador, tanto que a perspectiva de consumo atingiu o maior nível desde maio de 2020 [70,7 pontos]. Está com uma recuperação bem forte e as famílias estão otimistas em relação aos próximos meses”, disse a economista.
O nível de consumo atual, com 55,2 pontos – maior patamar desde março de 2021 (56 pontos) – cresceu 3,7% em agosto, o terceiro aumento consecutivo e o mais intenso do período. Na comparação com o mesmo mês de 2020, a variação foi positiva em 12,2%. A renda atual cresceu 1,8% em agosto, e a maior parte das famílias (41,5%) já está considerando sua renda igual à do ano passado. “Isso não acontecia desde junho de 2020. As famílias estavam considerando sua renda pior. Agora, pelo menos, estão considerando no mesmo nível. Já houve uma melhora”, afirmou. O indicador de renda atingiu 77,7 pontos, o maior nível desde março deste ano (79,3 pontos).
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O emprego atual cresceu 0,4% e continua sendo o maior indicador do mês, puxando o ICF, com 87,3 pontos. “Não é o que está crescendo mais, mas é o que está deixando as famílias mais satisfeitas. O mercado de trabalho é que leva as pessoas a terem confiança para consumir. É o que está impulsionando”.
A melhora do emprego pode ser constatada na análise da perspectiva profissional, que revela aumento de 2,2% em agosto. O indicador está crescendo há dois meses. De acordo com a economista, as famílias estão vendo o mercado de trabalho atual mais positivo e, no longo prazo, mais positivo ainda, porque está crescendo a uma velocidade maior.
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O acesso ao crédito subiu 0,7% em agosto e foi o único indicador a apresentar retração (1,1%) na comparação anual. Segundo Catarina, para maior parte das famílias, está mais difícil ter acesso ao crédito.
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A economista afirmou que os recentes aumentos dos juros básicos pelo Banco Central para conter a inflação tornaram o crédito mais desvantajoso para as famílias. A queda em relação a agosto de 2020 ocorreu porque, àquela época, havia muito incentivo ao crédito para que as pessoas pudessem se recuperar da pandemia. “Teve auxílio emergencial. Agora, tem auxílio, mas em menor nível, e os juros estão aumentando, tem inflação, e isso está corroendo um pouco o poder de compra”. Catarina enfatizou que, de qualquer maneira, houve aumento do indicador em agosto.
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O indicador de momento para duráveis está aumentando gradualmente, com evolução de 1,7% em agosto, embora seja o menor indicador da pesquisa (41,9 pontos). Isso ocorreu porque as famílias estavam focando muito em bens essenciais. Agora, esse indicador está se recuperando aos poucos, acrescentou Catarina.
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Na avaliação por faixa de renda, as famílias com ganhos acima de dez salários mínimos revelaram nível de insatisfação de 87,7 pontos, com avanço mensal de 2,7% e anual de 16,9%. A mesma insatisfação foi percebida em famílias com renda abaixo de dez salários mínimos, para as quais o indicador atingiu 66,5 pontos, com alta de 2% no mês e de 3,3% na comparação anual. Considera-se grau de insatisfação quando o índice permanece abaixo de 100 pontos. De acordo com a economista, quanto mais perto desse nível, melhor. “As duas faixas [de renda] estão insatisfeitas, mas as famílias de mais baixa renda, por terem indicador menor, estão mais insatisfeitas. Estão mais longe de 100.”
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Por regiões, o ICF de agosto mostra que o Norte registrou a maior queda mensal (2,4%), com a menor taxa (55,8 pontos), enquanto o Sudeste e o Sul tiveram as maiores variações positivas de 4,1% e 3,2%, e as maiores taxas (71 pontos e 80,8 pontos), respectivamente. Catarina disse que a maioria das regiões está melhor do que no ano passado, principalmente o Nordeste, com 71 pontos. Somente o Norte não se recuperou e está 17,6 % abaixo de agosto de 2020. As demais regiões já conseguiram se recuperar em relação ao ano passado.
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