O mês de setembro é marcado entre nós por comemorações de “independências”, a começar pela data especial de 200 anos da Independência do Brasil, neste dia 7 de setembro, e concluindo pela passagem dos 144 anos de instalação do nosso município de Santa Cruz, em 28 deste mês. E perpassa ainda pela celebração estadual de uma “não independência”, com a lembrança dos 187 anos da Revolução Farroupilha, em 20 de setembro, data de início e que não teve o fim desejado, mas marcou muito o Estado.
A coluna “Memória”, do colega José Augusto Borowsky, publicada nesta segunda-feira, 5, lembrou das expressivas homenagens que Santa Cruz realizou em 1922, por ocasião do primeiro centenário da emancipação política do Brasil, “memorável fato histórico que, para a nossa curta, porém gloriosa trajetória de nação livre, assinala o 7 de setembro deste ano”, como registrava o então intendente municipal Gaspar Bartholomay.
Os 200 anos deste evento estão sendo lembrados pelo País, mas com bem menos ênfase do que no centenário. De qualquer modo, convém sempre valorizar momentos relevantes como este, que marcam a nossa história. Há muitos relatos a respeito, mas valho-me de breves abordagens feitas em 2010 pelo colega Laurentino Gomes, no livro “1822 – Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram a criar o Brasil – um país que tinha tudo para dar errado”.
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Ao citar afirmação de José Bonifácio de Andrada e Silva, o chamado Patriarca da Independência e o referido “sábio” do subtítulo do livro, de que “amalgamação muito difícil será a liga de tanto metal heterogêneo (…) em um corpo sólido e político”, Gomes levantava também a questão: “seria possível fazer um Brasil homogêneo, coerente e funcional com tantos escravos, pobres e analfabetos, tanto latifúndio e tanta rivalidade interna?”, lembrando ainda que “o novo país nascia falido” e os conflitos regionais que se seguiriam, como a Revolução Farroupilha.
Servindo como resposta, o jornalista e escritor assinala que “o Brasil conseguiu manter a integridade de seu território e se firmar como nação independente por uma notável combinação de sorte, acaso, improvisação, e também de sabedoria de algumas lideranças”, e que “hoje deve sua existência à capacidade de vencer obstáculos que pareciam insuperáveis em 1822”. De outro lado, observa que “a ruptura resultou menos da vontade dos brasileiros do que das divergências entre os próprios portugueses”, congregando-se uma “pequena elite brasileira (…) em torno do imperador Pedro I como forma de evitar uma guerra civil ou étnica”, e, como resultado, “o país foi edificado de cima para baixo”.
Já em relação ao nosso município, não se tem muita informação sobre o contexto da emancipação de Rio Pardo, que se deu em resolução da Assembleia Legislativa, elevando a então povoação à categoria de vila, sancionada pelo vice-presidente da Província, João Dias de Castro, em 1877, mas oficializada com a instalação da Câmara Municipal, em 1878. A respeito, João Bittencourt de Menezes, no livro sobre o “Município de Santa Cruz”, diz que “tão notável fora o desenvolvimento e a importância adquirida pela Colônia que, decorridos 28 anos de sua fundação e cinco apenas da emancipação da mesma, o Governo reconhecia a justiça de conceder-lhe os foros de município autônomo”.
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Sem espaço para maiores ponderações, cabe acrescer que, mesmo diante de muitos questionamentos que persistem em nível nacional, há de se ter sempre a esperança (da cor verde, instituída desde então, junto com a amarela) que a ainda jovem nação, à sua maneira peculiar, busca afirmação e desenvolvimento. Nela, é oportuno reforçar, precisamos todos participar e perseverar de forma consciente, dentro dos ditames da democracia, do voto, da liberdade e, por que não, dos exemplos de evolução que a nossa própria comunidade oferece, com organização, trabalho, cultura e fé legados por imigrantes aqui chegados há 173 anos.
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