Regional

Incidência de granizo nas lavouras de tabaco cresceu 496% neste ano

Um levantamento feito pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) mostra que já são mais de 6,4 mil avisos de granizo emitidos pelos produtores de tabaco associados no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná na safra atual. Os números chamam a atenção, tendo em vista que no ciclo anterior, considerando o mesmo período, foram 1.073 registros, um incremento de 496%. Além dos prejuízos financeiros, o clima adverso dificulta o trabalho dos avaliadores.

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Segundo o coordenador de Pesquisa e Estatística da Afubra, Alexandre Paloschi, os dados atualizados até a última sexta-feira mostram que havia 5.153 avisos de granizo referentes aos três estados da Região Sul. Entre sábado, domingo e segunda, mais 1.281 foram feitos pelos fumicultores, elevando o total para 6.424. “A microrregião mais afetada é a de Santa Cruz do Sul, com 397 avisos, mas esse número certamente vai aumentar nos próximos dias”, observa. Em Venâncio Aires foram 197 e em Candelária, 80.

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“Com toda essa chuva, muitos agricultores ainda nem conseguiram ir até as lavouras para verificar a situação”, acrescenta. O tempo instável também compromete o trabalho dos avaliadores. “Hoje [ontem] choveu o dia todo. Se não fosse isso, nós já poderíamos estar nas propriedades.” Segundo Paloschi, a Afubra procura atender aos chamados com a maior brevidade, mas não é possível levar os avaliadores a campo com tempo instável. “Às vezes o associado questiona o motivo da demora e é esse, não dá para fazer esse trabalho abaixo de chuva.”

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O especialista diz que 2023 está sendo um ano atípico, com um inverno de temperaturas acima da média. “Tivemos muitos dias quentes e abafados, aí vem uma frente fria, traz instabilidade e junto vem o granizo.” Além disso, os grandes volumes acumulados atrapalham o desenvolvimento das plantas, um processo conhecido como lixiviação. “A grosso modo, dizemos que lava a terra, o solo perde os nutrientes e depois o tabaco não encontra as condições adequadas para crescer”, explica.

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Diante desse cenário, Alexandre Paloschi enfatiza a importância do seguro mútuo. “A nossa orientação aos associados é sempre fazer o seguro de 100% do que foi plantado. Assim, independentemente de quantas vezes ocorrer granizo, até mesmo em um caso de perda total, nós vamos atender.” Para as adesões feitas durante setembro, há um desconto de 5% no valor, enquanto no mês de outubro esse benefício é de 3,5%. É preciso estar atento, ainda, ao período de sete dias de carência.

Desânimo

Para o produtor Atelor Luís Bald, morador de Linha Campo Grande, no interior de Venâncio Aires, a sensação é de frustração após ter a lavoura destruída pelo granizo. “Dá um desânimo, eu não gosto nem de falar.” O incidente ocorreu na manhã de domingo, por volta das 10 horas, e atingiu toda a extensão do terreno, que tinha 70 mil pés pertencentes a ele e ao filho, Diogo. Com 55 anos de idade, Atelor produz tabaco desde os 18 e revela que essa foi a terceira vez que o granizo comprometeu a produção. “Pegou em tudo, média de 12 a 16 folhas por pé.” O prejuízo total ainda não foi calculado.

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Guilherme Bica

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