Enquanto o Brasil perde tempo com polarizações e especulações sobre como será o mundo, países como a Finlândia já fizeram a lição de casa. Discutem de forma educativa e madura os aprendizados sociais da pandemia, evento comparável à Segunda Guerra Mundial, há 80 anos.
A sociedade evolui em etapas e as teorias de mudança mostram que há diferentes movimentos nas mudanças sistêmicas: circular, espiral, progressivo, disruptivo. Sociedades, assim como pessoas, amadurecem e tempos de adversidade extrema trazem maturidade forçada.
O Brasil não foi muito bem durante a pandemia. Mostramos nossa adolescência como tribo geográfica. Gritamos, negamos, temos dificuldade em seguir regras, protestamos, desconfiamos e perdemos um tempo enorme administrando os “hormônios” desta fase da vida. Evoluir como sociedade requer maturidade e sabedoria e a estrada ainda é longa por aqui.
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Como observadora constante da evolução do planeta, percebo que o velho modus operandi do mundo tenta voltar a se estabelecer, impondo suas premissas nocivas, moldando nosso pensamento, manipulando nosso senso crítico e nos apresentando de forma maquiada as melhores práticas de sempre. Fique atento.
Massas emocionalmente exaustas tornam-se distraídas. Diante da ausência de respostas, podem vir a ser altamente manipuladas. Qual é sua história do momento? Qual é sua verdade atual?
O ruído do mundo anda intenso. O silêncio, cada vez mais raro. Contemplar, observar e refletir é uma atitude impossível para pessoas imaturas. Pratique o silêncio, é nele que estão as mais belas respostas.
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Sociedades que dão certo, como a finlandesa, têm como base a confiança, a igualdade, a capacidade de cumprir com compromissos assumidos e a autonomia. É um dos poucos países que, no pós-guerra, criou união em torno da visão coletiva dos próximos 50 anos do país e isso os tornou antecipatórios, competência essencial da nova década.
Vivemos um momento delicado, com enormes incertezas, e talvez este seja um ótimo exercício para que o mundo assuma a incerteza como certeza permanente. Nunca houve respostas para o futuro ou previsões garantidas.
Se religarmos o mundo no módulo automático, podemos criar um estado ainda pior do que o que havia antes, o que seria catastrófico. Estamos em convergência planetária há pelo menos oito anos, e agora todos os assuntos precisam de atenção: revolução, tecnologia, inovação, pandemia, política, racismo, igualdade de gênero, pobreza, caos climático. Acabou nosso prazo, teremos que mudar para então seguir em frente.
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O que começarmos agora será percebido apenas daqui a dez ou vinte anos. Por isso, precisamos nos tornar responsáveis, conscientes e supra-humanos. É tempo de liberdade, de inclusão, de tolerância, de respeito e, principalmente, de autenticidade. Sinta-se livre para ser o humano que você deseja ser depois da pandemia. Liberte-se dos padrões da vida que outros criaram para você. Estudos mostram que a única coisa que eles trazem é arrependimento. Renasça ressignificado.
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