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Inadimplência aumenta 76% em dois anos em Santa Cruz

O aprofundamento da crise econômica no País provocou um salto no número de consumidores inadimplentes em Santa Cruz do Sul. Conforme levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), somente em abril deste ano 1.045 nomes foram parar no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). A elevação chega a 76,73% na comparação com o mesmo período de 2014. 

Para o presidente da CDL, Lauro Mainardi Junior, o desemprego está por trás do fenômeno. “As pessoas não deixam de pagar as contas porque querem, mas porque surgem outras prioridades. Se o orçamento está apertado e o filho fica doente, tratar da saúde da criança entra em primeiro lugar.”

Embora Santa Cruz do Sul tenha sido o município brasileiro que mais empregou no primeiro trimestre em 2016 – foram 5.064 admissões –, o número de demissões também é considerado alto: 1.228. Dados divulgados pelo Ministério do Trabalho ainda mostram que a cidade  encerrou 2015 com saldo negativo na geração de postos de trabalho, pela primeira vez em sete anos. Ao todo, foram 1.674 vagas perdidas.

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NOME SUJO

1.045 pessoas entraram para o SPC em Santa Cruz do Sul só no mês passado. O crescimento de devedores pode estar relacionado ao desemprego. Em 2015, Santa Cruz registrou uma redução de 1.674 postos de trabalho.

Cautela

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Tentando reduzir o número de clientes que deixam prestações para trás, o comércio santa-cruzense tem sido rigoroso ao dar crédito. “Se a abertura de crediário é muito facilitada, a inadimplência aumenta. É importante formalizar os cadastros. Foi-se o tempo do caderninho”, comenta Lauro Mainardi. 

O presidente da CDL também sugere a liberação fracionada do crédito. “À medida que o cliente vai pagando, vai ganhando mais abertura para comprar.”

A loja de calçados e vestuário Dullius está entre as que tomam certos cuidados em Santa Cruz. De acordo com a gerente, Daiana Sackser, além de consultar o CPF do cliente, a loja também busca referências em outros estabelecimentos onde a pessoa já tenha feito crediário. “Dependendo do caso, pedimos uma entrada maior”, diz. A loja também liga para os inadimplentes e, nestes casos, oferece novas formas de pagamento.

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Endividado deve colocar as contas no papel

Conforme o educador financeiro pela DSOP Educação Financeira, de São Paulo, Francisco Teloeken, entre as principais causas que levam as pessoas a atrasar dívidas está o “analfabetismo financeiro” – a pouca noção com relação a juros e porcentagem – e o consumismo exacerbado. A partir desses fatores vem a falta de dinheiro para cobrir os juros do cheque especial, cartão de crédito, crediário e empréstimos. Imprevistos como o conserto do carro ou a quebra da geladeira também integram a lista. 

Para quem ficou desempregado logo após assumir uma grande dívida, como a compra de um carro ou uma casa, por exemplo, a dica do especialista é utilizar o dinheiro da rescisão e o seguro desemprego para auxiliar a quitar as prestações. “Desfazer-se de bens financiados, principalmente imóveis, é bem mais complicado.”  

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Ao perceber que não consegue mais pagar as contas, o devedor deve fazer “o diagnóstico da situação”. O procedimento consiste em colocar no papel quem são os credores, quais os valores devidos, as taxas e os prazos. Deve-se apontar também quais os bens ou valores que estão à disposição e separar as dívidas essenciais das não essenciais, bem como, elencar quais estão vencidas. É preciso dar atenção aos débitos que podem resultar no recolhimento de bens – caso das hipotecas imobiliárias. 

Dentre as saídas, está a busca por um novo empréstimo, com juro mais barato e que caiba no bolso, para pagar as dívidas. Vale procurar os credores e propor a quitação com desconto. O diagnóstico também prevê que se anote, mensalmente, todo o gasto realizado – desde a compra de um chocolate até uma grande prestação –, como forma de verificar que gastos podem ser cortados. Toda a família deve ser envolvida no processo, inclusive as crianças.

Cartão de crédito exige cuidado

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Com relação ao cartão de crédito, Teloeken afirma que é preciso cuidado sobre os juros da fatura mensal. “Os consumidores não podem, de jeito nenhum, pagar apenas parte da fatura. Sobre este saldo incidem juros que  podem passar de 400% ao ano”, alerta. Fora isso, a ferramenta, quando bem utilizada, apresenta vantagens, como o acúmulo de milhas e o pagamento de contas de uma só vez. 

A cautela também é necessária com empresas que oferecem o serviço de “limpar o nome”. Para o educador financeiro, esta opção é dispensável, visto que o endividado pode buscar diretamente a empresa para negociar. “Não há a necessidade de optar por intermediários. É um gasto a mais e há certas empresas que são uma farsa.”

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