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Improviso para sobreviver

Eles estão em toda parte. Quatro meses de paralisação da economia não foram suficientes para detê-los. De um jeito ou outro, eles chegam a nossos lares. Por e-mail, WhatsApp, entregues em casa ou – se bobear – por sinal de fumaça. Estou falando dos famigerados boletos!

Para agravar a situação, este confinamento forçado atiça a curiosidade. Como se diz na minha terra, eles “inticam” com a nossa capacidade de controle, instigando o consumismo. Afinal, basta clicar em “comprar” e preencher meia dúzia de dados.

Essa tecnologia, que proporciona tantas comodidades, faz com que baste pensar em comprar uma poltrona – por exemplo – para que todo tipo de oferta, de cadeiras de praia a sofás de oito lugares, surja em todas as janelas virtuais. É só usar a internet!

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Minhas aquisições ao longo da prisão domiciliar desde março se restringem à compra de perfume do O Boticário (excelente serviço de atendimento ao consumidor!), um moleton das Lojas Renner – que, apesar da identificação com RS, demora muito tempo para chegar porque os produtos vêm do Rio de Janeiro – e uma poltrona da vovó das Lojas Colombo. Essa é uma empresa que me orgulha pelo atendimento personalizado, qualidade e preço dos produtos e agilidade na entrega.

Outra compra foi de roupas masculinas da Aramis, onde sou cliente há muito tempo. Max, gerente e vendedor, contou que, apesar das dificuldades impostas pelas autoridades, as metas vêm sendo batidas. Resultado de inúmeras visitas domiciliares em Porto Alegre e toda a Região Metropolitana.

Disse que a experiência de conhecer os clientes em suas casas tem sido gratificante. Contou que certa noite, em Alvorada, ao chegar para entregar duas camisas e um jeans, foi recebido pela família do cliente sentada à mesa com talheres, copos e pratos postos.

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– Uma pizza família de calabresa e queijo fumegava à minha espera, com refri e sorvete de sobremesa. Eu estava com muita pressa para atender outros clientes, mas não pude resistir a tanto carinho – me contou Max.

Como ele, milhões de vendedores em todo o mundo foram desafiados a criar, inventar e adaptar técnicas milenares para sobreviver. Imagino a difícil situação daqueles que tiram o sustento das comissões por suas vendas, recebendo um salário básico ínfimo para lutar na busca dos clientes. O futuro é um desafio!

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