Para muitos, árvores são vistas como recurso ou como estorvo. Nos dois casos, são abatidas impiedosamente. Falta-lhes a dimensão imensurável do significado da presença das árvores. Professor Elenor Schneider, em seu texto “A nossa casa”, publicado na Gazeta, se refere às árvores como “guardiãs de plantão a nos proteger”. Nessas palavras de meu colega – dos tempos de universidade e agora na Academia de Letras de Santa Cruz – está imbricado o sentido fundamental das árvores para a preservação e a proteção da vida. Árvores não oferecem apenas seu corpo sob a forma de lenha para nos aquecermos ou madeira para construção de nossas necessidades de conforto e proteção; são essenciais para renovar o ar que respiramos. Oferecem frutas, sementes e flores, não somente para nós, humanos, mas para muitas outras vidas.
Mais do que alimento, oferecem abrigo e lar para inúmeras vidas. Árvores protegem o solo da erosão e de deslizamentos e conservam a umidade do solo. Áreas florestais são verdadeiros Wasserspeicher – reservatórios de água. A manutenção de bosques e florestas deveria receber especial atenção de todos e igualmente de órgãos governamentais, também por elas abrigarem e promoverem a diversidade de vida animal e vegetal. Incentivos fiscais contribuiriam para a consciência acerca da importância e necessidade de preservação de árvores, tanto em áreas urbanas quanto rurais. Quando alguém me pergunta se sou produtora rural por habitar terras entre o urbano e o rural, respondo que sou protetora de vidas.
Na minha Wilde Heimat – no meu silvestre lugar de viver –, as árvores compõem um pequeno santuário para a vida. A mais frondosa é o angico; a mais antiga é a cameleira, que vive há mais de um século na frente de meu lar, oferecendo a cada inverno suas flores. Quando chegar minha hora de me ausentar da vida terrena, queria que meu corpo fosse devolvido à mãe Terra, para nela voltar a se incorporar; que fosse enterrado ao pé de uma árvore longeva ou que sobre o túmulo fosse plantada uma árvore. Uma árvore para ser como no poema do escritor Manfred Schröder:
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In meinem Garten,
steht ein Baum,
in dem der Mond,
wie eine
Laterne leuchtet.
Em meu jardim há uma árvore,
Na qual a lua brilha como uma lanterna
In meinem Garten,
steht ein Baum,
in dessen Zweigen,
tausend
Stimmen blüh’n.
No meu jardim há uma árvore,
Em cujos galhos mil vozes florescem
In meinem Garten
steht ein Baum,
an dessen Ästen,
der Wind
seine Nester baut.
Em meu jardim há uma árvore
Em cujos ramos o vento constrói seu ninho.
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