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Imortal das arábias

Em 5 de novembro de 2016, em viagem cujo destino final seria Nova Délhi, na Índia, pela primeira vez eu chegava ao mundo árabe. A aeronave da companhia Etihad pousou em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, quando já estava escuro. O que mais me marcou daqueles instantes de deslumbre, admirando as faiscantes luzes no litoral do Golfo Pérsico, foi a lua. A mágica lua dos contos árabes, que ao longo de milênios fascinou viajantes.

Aquela visita fora breve. Apenas a conexão, e logo o avião seguia para Nova Délhi. O retorno, na manhã do dia 14, deveria seguir o mesmo roteiro: rápido intervalo antes de continuar a viagem rumo a São Paulo. Deveria. Quis o acaso que o voo saísse atrasado da Índia. Quando chegou a Abu Dhabi, o avião para São Paulo havia partido. No tumulto que se seguiu ao desembarque, os passageiros que fariam a conexão foram informados de que teriam de aguardar até o dia seguinte. Seriam acomodados em hotel. 

Se por um lado frustrava os planos de à noite estar de volta ao Brasil, por outro era a oportunidade, de todo inesperada, de apreciar, embora por curto período, o entorno de uma das regiões mais ricas e atraentes do mundo. O chamariz turístico dos Emirados, com Abu Dhabi e Dubai em primeiro plano, é inquestionável e, como se sabe, as reservas de petróleo da região permitem investimentos que outras nações nem sonham fazer. Pude conferir, ainda que de relance, as gentes, a paisagem, o ritmo de vida dos Emirados.

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Lá mesmo, em Abu Dhabi, lembrei que a simples menção a essa cidade provoca calafrios nos colorados. Foi ali que no dia 14 de dezembro de 2010 o Inter perdeu para o Mazembe. Eis que agora quem está lá, nos Emirados, é o Grêmio, que disputa o Mundial deste ano. A jornada começa justamente hoje, na semifinal contra o Pachuca. Em minhas leituras, mapeando recantos do planeta, lembro da verdadeira aula que constitui a obra Mar das pérolas: Dubai e os Emirados, da arqueóloga carioca Fernanda de Camargo-Moro. Ela percorreu todo o Golfo, e o relato da visita a Al Ain, a “cidade jardim”, no deserto, perto da divisa com Omã, permite conhecer as maravilhas daquela região. É lá que, hoje, a partir das 15 horas, o Grêmio inicia sua odisseia.

E recordo ainda do livro Nas noites árabes, do escritor Tahir Shah, pesquisador das histórias e das memórias dessa terra de lendas. Onde Tahir se radicou, para apreciar de perto a cultura árabe? Em Casablanca, cidade do Wydad, eliminado pelo Pachuca. Curiosas associações que a vida permite fazer, ao acaso. Ao acaso? O destino não estaria mesmo escrito nas estrelas? Ou seria na lua? 

Se tudo correr bem, o Grêmio jogará a final em Abu Dhabi no próximo sábado. Aliás, jogará lá de uma forma ou de outra. E, se bem lembro da imutável (e imortal) lua árabe, tem tudo para ser, na noite de sábado, quando ocorre a final pelo horário local dos EAU, uma inesquecível jornada de imortais. Lá a terra também é azul.

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