Os primeiros imigrantes alemães chegaram ao Vale do Rio dos Sinos, a atual São Leopoldo, em 25 de julho de 1824. Curiosamente, mais de dois meses antes dessa data, em 3 de maio daquele ano, um grupo de germânicos já havia sido instalado em Nova Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro, a 130 quilômetros da então capital do Império. Era o primeiro movimento dentro do processo de colonização alemã promovido pelo Império. Naquela localidade já existia uma colônia formada por imigrantes suíços, em 1819 e 1820, e os alemães a estes se juntaram. A diferença é, que por lá, ao contrário do que aconteceu no Sul do País, a colonização não obteve o mesmo pleno sucesso, nem houve continuidade com a chegada de novas levas nos anos seguintes.
De prático, aquele esforço de fixação de imigrantes alemães resultou na implantação da primeira igreja protestante em território brasileiro. Esse pioneirismo remete justamente ao dia 3 de maio, tido como o momento em que os primeiros evangélicos luteranos se estabeleceram, começando a professar a sua fé por aqui.
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Quem contribuiu para resgatar essa parte da história foi o pastor e historiador santa-cruzense Armindo Laudário Müller, falecido em 29 de novembro de 2022, aos 80 anos. Müller foi pároco da Comunidade Evangélica de Nova Friburgo, depois de ter atuado em Santa Cruz e em Arroio do Tigre. Quando se estabeleceu na Serra do Rio de Janeiro, Müller passou a investigar as marcas da imigração e a presença protestante, compartilhando suas reflexões e seus levantamentos no livro O começo do protestantismo no Brasil, publicado em 2004.
Mais recentemente, um outro livro, em acabamento luxuoso, alia-se a esse esforço de registro. É a obra A pequena Alemanha, que teve a participação fundamental da historiadora Vanessa Cristina Melnixenco, de 34 anos, expoente da nova geração de investigadores do passado regional.
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Nesse documento, evidencia-se que, se o primeiro movimento de colonização, em 1824, não chegou a ter ampla expressividade regional, novas levas de imigrantes, inclusive já no início do século 20, trouxeram importantes empreendedores à cidade. Nas décadas seguintes, a industrialização local evidenciou a forte e decisiva participação de alemães. O mesmo aconteceu em outras cidades serranas, como Teresópolis e Petrópolis, e igualmente em Juiz de Fora, em Minas Gerais.
á entre os primeiros projetos de colonização com alemães no Sul do Brasil, em 1829, começou a povoação de uma área do Paraná, que resultaria no município e na região de Rio Negro, próximo à divisa com o Estado de Santa Catarina. Pois foi justamente essa localização, em limites de duas unidades da federação, que desencadeou, entre 1912 e 1916, a Guerra do Contestado, quando essa fronteira acabou sendo questionada pelas vias de fato. No final, o Rio Negro foi definido como o marco divisório. Toda a parcela da colônia alemã original que se situava na parte meridional tornou-se o município catarinense de Mafra, num raro caso de uma mesma colônia que se desdobrou em dois estados, ou que se transformou em dois núcleos.
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Em diferentes momentos ao longo das décadas, a partir do final dos anos de 1820, alemães se instalaram em várias regiões de Santa Catarina e do Paraná. Já no século 20, um outro e intenso movimento migratório emergiu nas colônias alemães dos vales do Rio Grande do Sul, quando sucessivas levas se dirigiam para o Noroeste gaúcho, para novas colônias que ali iam sendo criadas, várias delas por iniciativa privada, de empreendedores. Em um processo continuado, outros projetos de colonização similares surgiram no Oeste de Santa Catarina e depois no Oeste do Paraná, já próximo de Foz do Iguaçu.
Hoje, milhares de descendentes de alemães de famílias que emigraram do Rio Grande do Sul para essas áreas mantêm contato com seus parentes ainda estabelecidos em solo gaúcho. E de lá outros avançam para Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e vários outros estados.
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