Em 18 de dezembro de 1849, a embarcação “Bela Francisca” chega a Rio Pardo pelo Rio Jacuí. Nela, estavam as primeiras famílias alemãs que iriam ocupar as terras em Picada Velha (Alte Pikade), atual Linha Santa Cruz. Para chegar ao destino, realizaram uma viagem com carroças de duas rodas. Após dois dias, vislumbraram o lugar que seria a nova morada. Marcava-se ali, no dia 19, o início da colonização de Santa Cruz do Sul.
Com o passar do tempo, mais imigrantes chegaram à Colônia de Santa Cruz, ocupando as localidades de Dona Josefa, Rio Pardinho e Travessão, entre outras. Diante do crescimento da comunidade, em 1905, 56 anos após a chegada dos primeiros habitantes, foi elevada à condição de cidade.
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E para marcar os 175 anos da imigração alemã em Santa Cruz, diversas ações foram elaboradas ao longo de 2024. Por meio delas, evidenciaram as façanhas daqueles que começaram a construção da cidade.
A partir do próximo dia 19, data em que as primeiras famílias chegaram a Santa Cruz em 1849, a Praça da Bandeira terá um novo marco, celebrando os 200 dos imigrantes alemães no Rio Grande do Sul e os 175 em Santa Cruz. No símbolo, constará a seguinte frase: “Respeito e orgulho! Um monumento aos bravos imigrantes alemães que a partir de 19 de dezembro de 1849 desbravaram esta terra. A fé, o trabalho, a educação, os legados.”
Sua instalação marcará o fim das celebrações realizadas ao longo de 2024. Entretanto, essa não é a única atividade prevista para a Semana da Imigração Alemã, que se iniciou na última quinta-feira e segue até a próxima quinta. Ela começou com a promulgação da lei que cria o Conselho Municipal de Preservação, Promoção e Difusão da Cultura Alemã em Santa Cruz. A proposta, do integrante da comissão Nasário Bohnen, tem como intuito valorizar as tradições, a língua, a gastronomia e demais costumes dos pioneiros.
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Para isso, caberá ao conselho elaborar ações e deliberar sobre políticas públicas relacionadas a esse tema. Também ficará a cargo dele realizar estudos que envolvam escolas ou entidades, assim como promover encontros e eventos no intuito de propagar e manter a memória da cultura alemã e realizar intercâmbios com outros municípios, estados e países.
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A lei ainda viabiliza a elaboração de um memorial de Cultura Alemã. Ele reunirá um acervo com imagens, publicações e itens antigos que ajudem a contar a história da imigração alemã e sirvam de referências para a comunidade e os alunos conhecerem o legado dos antepassados.
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Neste sábado, haverá o encontro de corais na Comunidade Santos Mártires, em Linha Santa Cruz, berço da imigração alemã. Oito grupos vão entoar três canções cada na língua germânica. Para marcar o evento, a apresentação vai ser gravada.
Segundo o coordenador da comissão dos 175 anos da imigração, Paulo Afonso Trinks, o encontro, que tornou-se uma tradição, evidencia o legado cultural dos pioneiros, que formaram corais no início da colonização.
Já no domingo, o Centro Cultural 25 de Julho realizará a celebração de Natal. O evento, que também integra a programação da Semana da Imigração, é exclusivo aos associados, com jantar e apresentação do coral e dos grupos de dança. Outra surpresa ainda pode ser anunciada pela comissão nos próximos dias.
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Neste sábado, o Sicredi Vale do Rio Pardo inaugura em Linha Santa Cruz, início da colonização no município, a nova sede de sua agência, localizada na Avenida Prefeito Orlando Baumhardt, 2.065. O prédio, que combina arquitetura alemã e técnica enxaimel com um estilo contemporâneo, também conta com um memorial da imigração alemã.
E para celebrar a abertura com a comunidade, haverá uma programação especial. Ela inicia-se às 8h30, com a bênção do espaço e uma visita guiada. Em seguida, às 10h30, ocorrerá uma celebração ecumênica para marcar os 105 anos da Sicredi VRP – que transcorreram em setembro – e os 175 anos da imigração em Santa Cruz. Haverá ainda um almoço de confraternização, a partir das 11h45.
Para a comissão dos festejos, o Sicredi reafirma sua forte conexão com a cultura alemã, ao mesmo tempo em que celebra aqueles que contribuíram para o desenvolvimento da cidade desde o início.
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As celebrações pelos 200 anos da imigração alemã no Estado e os 175 em Santa Cruz começaram ainda em janeiro. A comissão das festividades, encabeçada pelo presidente Paulo Trinks, o vice Djalmar Marquardt e Nasário Eliseu Bohnen, levou uma faixa da celebração para as partidas de futebol do Campeonato Gaúcho disputadas no município.
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Nos meses seguintes, uma série de atividades e encontros foi realizada com o propósito de valorizar as heranças deixadas pelos antepassados. A programação, na visão de Trinks, evidencia o quanto a imigração alemã teve forte influência na região, contribuindo em práticas como o esporte, a música e a gastronomia. “Tivemos diversos momentos marcantes ao longo do ano”, reitera Trinks.
Um dos pontos altos das atividades foi a visita da embaixadora da Alemanha no Brasil, Bettina Cadenbach, a Santa Cruz no dia 11 de outubro. Ela veio acompanhada de Hans-Ulrich von Schroeter, conselheiro para Assuntos Políticos da Embaixada de Brasília, e de Marc Bogdahn, cônsul-geral da Alemanha em Porto Alegre.
A comitiva foi recepcionada na Prefeitura, onde estiveram diversas autoridades. Na avaliação de Bettina, Santa Cruz tem um grande potencial em função da tradição de trabalhar com outros países. Evidenciou ainda o empenho da comunidade santa-cruzense em valorizar o legado dos antepassados.
Na avaliação dos membros da comissão, o engajamento da comunidade foi marcante e essencial para as atividades promovidas neste ano. E com a imigração alemã se tornando tema das festividades tradicionais do município, como a Oktoberfest e a Christ-kindfest, turistas de todo o País puderam aprender sobre a influência dos pioneiros no desenvolvimento do município e região.
Outro fato foi a presença de Nasário Bohnen em Brasília, durante a sessão solene na Câmara dos Deputados que celebrou o bicentenário da imigração alemã. Lá, demonstrou a contribuição dos pioneiros na sociedade brasileira.
O apego às tradições religiosas representa um marco na colonização de Santa Cruz do Sul, deixado pelas primeiras famílias que vieram da Alemanha. Após a chegada ao Brasil, empenharam-se para construir os templos e prover assistência religiosa aos colonos.
Esse legado foi celebrado de diferentes formas durante os festejos realizados em 2024. Um dos mais marcantes para a comissão foi a missa celebrada em alemão na Catedral São João Batista, no dia 2 de setembro. Além do idioma, integrantes do Coral Cruzeiro do Sul, de Boa Vista, emocionaram o público. No altar, estavam em destaque itens para simbolizar os pilares da imigração alemã em Santa Cruz.
A herança cultural também foi celebrada ao longo do ano durante as festividades. Uma série de eventos resgatou as tradições dos imigrantes, com a inclusão de atividades que faziam parte da rotina nos primeiros anos da colônia.
Encontros de corais, apresentação de uma peça de teatro em alemão e competição de Schafkopf (tradicional jogo de cartas dos imigrantes) foram algumas das iniciativas elaboradas para homenagear. Outro momento marcante foi a apresentação da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) na Catedral São Batista, no dia 28 de junho. A comunidade lotou a igreja para o concerto.
A trajetória dos imigrantes alemães em Santa Cruz do Sul teve entre os seus pilares a educação. O papel do ensino no desenvolvimento da colônia era algo notável desde a chegada das primeiras famílias em Alte Pikade, que sabiam da necessidade de prover conhecimento aos filhos.
Diante do protagonismo dos imigrantes na educação local, a comissão organizadora dos festejos dos 175 anos da imigração alemã em Santa Cruz empenhou-se em realizar diversas atividades dentro do ambiente escolar. Isso foi evidenciado nas palestras, realização de trabalhos, gincanas e apresentações culturais. Um desses trabalhos foi o concurso de redação que mobilizou alunos dos Anos Finais dos ensinos Fundamental e Médio.
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Uma das atividades foi o desfile promovido pela Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Margarida Aurora, do Bairro Margarida, no dia 31 de julho. Cerca de 95 crianças de 4 meses a 5 anos de idade participaram do passeio com trajes típicos e outros adereços germânicos. Carrinhos de brinquedo viraram carros alegóricos decorados.
Já a primeira Gincana da Língua Alemã da Escola de Língua Alemã Auf gut Deutsch mobilizou 155 estudantes do idioma em Santa Cruz em 21 tarefas, que se iniciaram em outubro e ocorreram nos meses seguintes. Em uma delas, visitaram pontos turísticos selecionados para mostrar o legado dos imigrantes, como o Parque da Cruz, o Lago Prefeito Telmo Kirst, o Monumento do Imigrante e o Museu do Colégio Mauá. Participaram alunos e professores de todas as escolas que ensinam a língua na cidade, incluindo Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e Colégio Mauá e colégios municipais Christiano Smidt, Cardeal Leme, Guido Herberts, Felix Hoppe, Rio Branco e Dona Leopoldina.
A aproximação com os estudantes, conforme o coordenador Paulo Trinks, se deu em razão da vontade de preservar a cultura e a língua alemã. “Por mais que o idioma seja muito falado no interior, há o risco de desaparecer. E ao estimularmos a curiosidade dos jovens sobre suas origens, garantimos a preservação do legado dos nossos antepassados e a continuidade das tradições”, afirma.
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