O velho golpe do bilhete premiado segue fazendo vítimas na região. O último caso aconteceu na última segunda-feira, 10, em Santa Cruz do Sul. Por volta de 10 horas, uma mulher de 69 anos estava caminhando na Rua Capitão Pedro Werlang, na divisa do Centro com o Bairro Higienópolis, quando foi abordada por uma mulher, que aparentava ser humilde. Ela lhe pediu ajuda para encontrar um endereço onde haveria um brechó.
LEIA TAMBÉM: Polícia deflagra ofensiva contra quadrilha especializada no golpe do bilhete premiado
A vítima estava falando com a desconhecida quando um homem, de boa aparência e bem vestido, parou e entrou na conversa das duas. Em determinado momento, a mulher revelou que tinha um bilhete e o homem afirmou que era premiado. Para confirmar a suposta versão, o estelionatário fingiu ligar e conversar com o gerente da Caixa Econômica Federal da cidade, que teria confirmado o prêmio no valor de R$ 4 milhões.
Publicidade
A mulher que inicialmente queria saber do brechó e também era estelionatária disse à vítima e ao homem que não queria saber do valor, por se “tratar de dinheiro de jogo”. Então, ofereceu o bilhete aos dois em troca de R$ 500 mil do prêmio. A idosa de 69 anos decidiu ir no veículo do homem envolvido até o Banrisul do Bairro Arroio Grande, onde sacou R$ 5 mil. Depois foi até a agência do mesmo banco no Centro e retirou mais R$ 5 mil, entregando os R$ 10 mil a ele.
O indivíduo que foi com ela no carro disse que iria inteirar o valor de R$ 490 mil que faltava para pagar a mulher e ficarem com o suposto bilhete premiado de R$ 4 milhões. O homem deixou a vítima na região central de Santa Cruz e afirmou que iria entrar em contato por telefone para lhe entregar a sua parte do prêmio, que resultaria em R$ 1,75 milhão.
LEIA TAMBÉM: Cartórios alertam para golpe de intimações falsas para o pagamento de dívidas
Publicidade
Porém, quando chegou em casa, ao conversar com o marido, a mulher se deu conta que tinha caído no golpe do bilhete premiado. O caso foi registrado na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento e será investigado pela Polícia Civil. Os agentes têm o número de telefone usado pelo homem e buscam imagens de câmeras de segurança das duas agências bancárias para tentar identificá-lo.
Estelionato aplicado há quase 90 anos
O conto do bilhete premiado é considerado um dos estelionatos mais antigos que se tem registro. Embora existam indícios de que o golpe já era aplicado em vítimas no século 19, o primeiro caso confirmado no Brasil foi há quase 90 anos, em 1934, em São Paulo. Em um dos fatos de maior repercussão na região, uma mulher de 80 anos perdeu R$ 100 mil em maio de 2018 em Santa Cruz do Sul, após ser abordada por uma dupla na Rua Borges de Medeiros, no Centro.
LEIA TAMBÉM:
- Idoso cai no golpe do bilhete premiado no Bairro Arroio Grande
- Idosa perde R$ 34 mil no golpe do bilhete premiado em Venâncio Aires
Em agosto do ano passado, uma mulher de 67 anos perdeu R$ 34 mil no mesmo golpe, em Venâncio Aires. Em janeiro de 2023, um homem de 71 anos também caiu no conto, no Bairro Arroio Grande. Nessa quarta-feira, 12, a Polícia Civil gaúcha deflagrou a chamada Operação Avidità (cobiça, em tradução livre do italiano). Agentes da 1ª Delegacia de Polícia de Repressão a Roubos (1ª DR) do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) cumpriram seis mandados de busca e apreensão contra uma quadrilha de Passo Fundo especializada em aplicar o golpe do bilhete premiado.
Publicidade
As ordens judiciais foram cumpridas em Passo Fundo, Porto Alegre e Alvorada e também em Balneário Camboriú, Santa Catarina. As contas bancárias dos cinco investigados foram bloqueadas. “Descobriu-se que os criminosos investiam os valores obtidos de forma ilícita em criptomoedas. Há indícios, assim, da prática do crime de lavagem de capitais. Seguimos buscando o rastreamento das moedas virtuais a fim de ressarcir os prejuízos suportados pelas vítimas”, comentou o delegado João Paulo de Abreu, do Deic.
![](https://www.gaz.com.br/uploads/2023/04/operacao-Policia-Civil-Divulgacao-GS-copy.jpg)
Passo Fundo é a meca do conto do bilhete
Os cinco investigados na operação dessa quarta-feira, que não tiveram seus nomes revelados, são suspeitos de integrar uma grande organização criminosa com base em Passo Fundo e que atua há pelo menos 20 anos aplicando golpes do bilhete premiado em diversas cidades do Estado, incluindo Santa Cruz do Sul. “Passo Fundo é a ‘meca’ do conto do bilhete”, relatou o delegado João Paulo de Abreu em entrevista à Gazeta do Sul, fazendo referência ao grande número de casos envolvendo a cidade no Norte do Estado.
Publicidade
Mesmo assim, a mulher não acreditava. “Ela dizia para os policiais: ‘vão embora, vocês estão estragando meu negócio.’ A pessoa havia sido intoxicada pela lábia e pela perspectiva de trocar um pedaço de papel de R$ 1 milhão por R$ 50 mil que tinha na conta. Os criminosos se aproveitam do olho grande das pessoas”, enfatizou o delegado regional na oportunidade.
LEIA MAIS NOTÍCIAS SOBRE POLÍCIA NO PORTAL GAZ
Quer receber as principais notícias de Santa Cruz do Sul e região direto no seu celular? Entre na nossa comunidade no WhatsApp! O serviço é gratuito e fácil de usar. Basta CLICAR AQUI. Você também pode participar dos grupos de polícia, política, Santa Cruz e Vale do Rio Pardo 📲 Também temos um canal no Telegram! Para acessar, clique em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça sua assinatura agora!
Publicidade