Além de estar superlotado e atendendo muito acima da capacidade, outro problema ronda a administração do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) em Venâncio Aires. No sábado, 6, o diretor técnico da casa de saúde, Guilherme Fürst, alertou que nos próximos dias pode até faltar medicamentos.
“Compramos medicamentos. Nós falimos o hospital, pois houve meses que compramos R$ 2 milhões em remédios, quando uma compra mensal é de R$ 300 mil. E nem isso chega, estamos no esgotamento total de recursos”, desabafou Fürst, ao classificar a situação vivida no hospital como de “guerra”.
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Segundo ele, as aglomerações e o desrespeito às normas de distanciamento social, acompanhadas da ideia de que a economia ficará cada vez pior com o fechamento da atividade econômica, colaboram para o consumo à exaustão dos serviços de saúde e o caos vivido no município nos últimos dias.
O alto consumo dos recursos se deve ao aumento significativo no número de atendimentos no HSSM. Conforme o diretor técnico, nos 28 dias do mês de fevereiro, 1.088 pacientes com queixas respiratórias puderam ser considerados suspeitos de Covid-19. “Em cinco dias de março, já atendemos 400 pacientes. O número de doentes continua absurdamente alto. De todos eles, 10% precisam de hospitalização. Se o número seguir aumentando, para onde iremos mandar esses pacientes?”, indaga. Fürst ressalta que o HSSM está atendendo por prioridades.
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Consumo de oxigênio é quatro vezes maior
O diretor do Hospital São Sebastião Mártir, Luciano Spies, confirmou a situação dramática que a casa de saúde enfrenta hoje. De acordo com ele, algumas substâncias que são utilizadas no tratamento da Covid-19, como antibióticos, começam a faltar e a reposição de compras está difícil.
“Estamos tentando comprar alguns medicamentos, mas há falta no mercado. Dentro do hospital, estamos vendo o que pode ser substituído nos tratamentos”, alerta Spies. Além dos remédios, o uso de oxigênio está quatro vezes maior no hospital. O reservatório que tem capacidade de armazenar 20 metros cúbicos do gás medicinal era recarregado uma vez por mês, mesmo já durante a pandemia no ano passado. “Agora, uma vez por semana é preciso comprar oxigênio, pois o consumo dos pacientes Covid é alto.”
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Em entrevista à Rádio Gazeta, Spies detalhou o processo de entubação, que requer medicamentos para anestesia. “Todo paciente entubado, precisa ser anestesiado e precisa ser colocado numa espécie de coma induzido. E para isso, é preciso colocar anestésicos fortes a cada hora, para que ele se mantenha dormido, pois acordado o paciente se agita e é difícil de contê-lo.”
Luciano explicou que os medicamentos anestésicos ainda não chegaram a faltar no hospital, mas que já começaram a dar sinais de escassez. “Já estamos começando a conversar sobre racionar os anestésicos. Mesmo e gente tendo feito um estoque bem considerável de medicamentos, esse estoque vai sendo consumido e vamos fazendo a reposição conforme a disponibilidade de próprio mercado, sem contar os preços de inúmeros insumos que dispararam”, disse.
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Situação ainda é de colapso nos hospitais
Mesmo com o Rio Grande do Sul há nove dias em bandeira preta e com a região tendo determinado lockdown nos últimos dois finais de semana, para tentar frear a disseminação do vírus, o reflexo dessas medidas ainda não tem sido percebido nos hospitais. As instituições permanecem com lotação máxima das alas destinadas ao atendimento de pacientes com Covid-19, demonstrando mais uma vez o esgotamento dos recursos e um cenário de colapso da saúde.
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