Com um sorriso estampado no rosto, o catador João Neri Ferreira dos Passos colhe verduras para distribuir aos colegas da Cooperativa de Catadores e Recicladores de Santa Cruz do Sul (Coomcat). A fila aumenta à medida que ele vai preenchendo as sacolas com couve-flor e alface, o que o deixa ainda mais feliz. “É uma alegria imensa ver a felicidade dos meus colegas levando a sacolinha de verduras para casa”, conta João. O entusiasmo é justificável: de entrega a entrega, a comida vai beneficiar 50 famílias, um total de 280 pessoas.
Após meses de trabalho, os cooperados agora podem usufruir dos alimentos da horta comunitária agroecológica feita nas instalações da Usina Municipal de Triagem, no Bairro Dona Carlota. Em uma área de 800 metros quadrados, foram plantadas centenas de mudas de 20 tipos de verduras e hortaliças – alface, beterraba, pepino, tomate e cenoura, entre outros –, além de uma diversidade de frutas, o que inclui banana, pêssego, ameixa, bergamota e laranja.
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Para celebrar a conquista, a cooperativa realizou nessa quinta-feira, 19, uma cerimônia de inauguração com a presença de líderes e entidades apoiadoras do projeto, para que descerrassem a fita e conhecessem o espaço. Após o ato, os convidados experimentaram alimentos produzidos na horta, feita sem agrotóxicos ou produtos que prejudicam o meio ambiente.
A presidente da Coomcat, Vera Lúcia Flores da Rosa, defende que a ação mostra os esforços da cooperativa com a sustentabilidade. “Nós catadores lutamos para melhorar cada vez mais o nosso planeta. E queremos que a sociedade venha junto”, afirma.
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O sonho de garantir alimentação saudável aos integrantes da Coomcat se tornou realidade graças à mobilização de diferentes segmentos. A FDL-Capa, parceira de longa data da Coomcat, forneceu assistência técnica para tirar o projeto do papel, além da presença de técnicos agrícolas na usina. “Fizemos um levantamento das principais doenças que acometiam as associadas e os associados, e percebemos que a questão da má alimentação é muito presente. Atualmente, as cestas básicas pouco têm frutas e verduras. E vimos nesse espaço a possibilidade de mitigar essa insegurança alimentar”, explica Melissa Lenz.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que a insegurança alimentar grave atinge 10,3 milhões de brasileiros. E mais da metade das residências afetadas são chefiadas por mulheres, o que demonstra a importância da criação da horta para auxiliar a cooperativa, que conta com um número elevado de catadoras e recicladoras.
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A catadora Ângela Maria Nunes foi uma das responsáveis pelo trabalho na horta. Frequentemente, gravava vídeos e publicava nas redes sociais a cada legume que nascia e, nos dias de chuva, ficava preocupada se a plantação iria sobreviver. Hoje, olha com orgulho para a conquista.
Ângela destacou a importância da formação que ela e os colegas tiveram para participar do projeto. “Somos mais do que catadores. A gente pode se alimentar de forma saudável. Aprendi como é fazer uma horta e posso fazer na nossa casa. Eu me sinto realizada, uma pessoa melhor, que vai poder ajudar as pessoas que não sabem”, afirma, emocionada.
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Os recursos vieram de edital do Fundo de Desenvolvimento Social do Sicredi Vale do Rio Pardo. Foram R$ 7 mil utilizados para a compra de 800 mudas, equipamentos para construção e manutenção da horta – incluindo irrigador e caixa d’água – e utensílios de cozinha. Além disso, a cooperativa realizou uma vaquinha entre os catadores, arrecadando mais de R$ 400,00 para adquirir mais mudas. “Mais do que construir uma horta, a Coomcat está criando uma escola a céu aberto. Quem sabe a gente multiplica isso em todas as comunidades possíveis que estão sofrendo necessidades alimentares para ter uma alimentação de maior qualidade”, reforçou.
E ações como a horta comunitária podem servir de exemplo para a comunidade santa-cruzense. É o que defende o secretário de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade, César Cechinato. “A Coomcat tem uma importância muito grande, atuando de forma organizada no recolhimento de lixo reciclável, primeiramente na zona urbana; agora, estamos estendendo ao nosso interior”, afirma.
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A parceria entre a cooperativa e a secretaria deve ser ampliada ainda mais, especialmente diante do baixo índice de recolhimento de material reciclável. “No nosso entender, estamos com um índice inaceitável. Temos que educar a comunidade para que faça a separação e a destinação correta.”
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