Experiências exitosas que nasceram de propostas criativas e sustentáveis em outros municípios serviram de inspiração para Santa Cruz do Sul durante o seminário O futuro da minha cidade, realizado ontem pela manhã no Salão de Convenções do Aquarius Flat Hotel. O evento realizado pelo Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon-RS) teve o objetivo de debater metas estratégicas para o futuro do município.
Uma das palestrantes era a paulista Marcella Arruda, coordenadora do núcleo de projetos do Instituto A Cidade Precisa de Você. Ela é pesquisadora interessada em questões ligadas à noção de comunidade e ao empoderamento dos habitantes na construção da cidade. Para Marcella, o evento foi uma oportunidade de sensibilizar as pessoas sobre a necessidade de discutirem o que desejam para o futuro de seu município. Ela frisou que o cidadão deve sair da zona de conforto e propor transformações ao poder público.
“Quando pensamos o futuro de uma cidade, é fundamental pensar na noção de compartilhamento. Os cidadãos precisam entender o papel de cada um nas construções coletivas, como as plataformas de troca. Isso transforma as cidades”, salientou. “Por que preciso ter um carro se o utilizo somente duas horas por dia? Os recursos podem ser mais produtivos se forem utilizados com maior eficiência, pelo maior número possível de pessoas.”
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Marcella ainda citou exemplos como o coworking, espaço de trabalho compartilhado. “Vários microempresários trabalhando no mesmo espaço é algo que fomenta uma troca de experiências e um olhar plural. É a mesma lógica das secretarias em um município. Quando as pessoas passam a usar bicicletas ou se locomover a pé, o gasto em saúde é menor. Aumenta a qualidade de vida. É necessário observar os setores de forma integrada. É preciso uma união de forças para uma mudança coletiva.”
Seminário contou com um auditório lotado no Aquarius Flat | Foto: Lula Helfer
Ex-prefeito de Maringá diz que comunidade deve estar no comando
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O outro palestrante era o paranaense Silvio Barros, engenheiro civil especializado em engenharia sanitária e ambiental. Foi prefeito de Maringá (PR) por dois mandatos seguidos, de 2005 a 2012. Durante a gestão, o município chegou a ser o melhor em gestão fiscal do Paraná e oitavo no Brasil. Em 2015, Barros atuou como secretário de Planejamento do governo paranaense.
Ele acredita que a população deve pensar no futuro para que seja protagonista, ao invés de “refém da cidade”. “As pessoas precisam pensar, se envolver e trabalhar para criar um futuro de avanços na qualidade de vida. Esse evento serve para quebrar o paradigma, por meio de experiências bem-sucedidas em municípios brasileiros”, opinou. Barros salientou que é necessário uma sociedade organizada, como representação dos anseios da comunidade.
Em Maringá e Goiânia (GO), por exemplo, um conselho formado por diversos segmentos foi criado para servir como interlocutor entre a Prefeitura e a população, que é vista como cliente. O poder público cobra o rendimento dos servidores conforme os indicadores. “A sociedade civil organizada deve dirigir, resolver o que precisa ser feito, inclusive em relação aos espaços públicos. As entidades de classe e setoriais têm legitimidade para representar a população”, ressaltou.
Resultado da criação em 1996 do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá (Codem), que tem auxiliado o governo local na gestão de políticas públicas de médio e longo prazo, o município é referência nacional em educação, saúde e serviços públicos municipais. “Peguei o projeto em andamento a partir de 2005. O processo funcionava e decidi empoderar ainda mais a sociedade, colocar combustível na máquina. Foi vantajoso, já que pude saber o que a sociedade esperava que fosse feito pela administração municipal”, salientou.
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Grupo vai agora discutir metas para o município
O vice-presidente do Sinduscon-RS, Auro Schilling, ressaltou que o evento foi acima das expectativas, principalmente ao reunir líderes locais e entidades parceiras. Ele elogiou a Associação Santa Cruz Novos Rumos (Ascnor), que logo topou ser parceira do seminário, e também abordou o papel da gestão municipal. “O poder público precisa olhar pelo retrovisor e acertar o que não foi bem feito. Para que novos erros não sejam cometidos, precisamos olhar para a frente e planejar”, considerou. Schilling afirmou que, a partir do evento, foi criado um grupo denominado Apaixonados por Santa Cruz. Os integrantes vão se reunir a partir deste mês para sugerir ideias e ações que poderiam ser colocadas em prática nos próximos anos.
Schilling: “Olhar à frente” | Foto: Lula Helfer
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O seminário em Santa Cruz do Sul foi realizado pelo Escritório Regional Vale do Rio Pardo do Sinduscon-RS, com apoio da Ascnor, Associação de Entidades Empresariais de Santa Cruz do Sul (Assemp), Unisc e Prefeitura.
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