Os impactos do novo coronavírus não se restringem só ao âmbito da saúde, com o surgimento de uma nova doença, bastante letal, embora muitas pessoas digam tratar-se de manipulação de dados. Afinal, todos vamos morrer algum dia.
Desde que os primeiros casos foram notificados no Brasil, a economia começou a sentir os reflexos da pandemia. De uma semana para outra, nossa vida mudou: além da bolsa de valores brasileira que despencou e o dólar que bateu recordes, situações que não interessam à maioria da população, o isolamento social para combater a pandemia do coronavírus, recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde do Brasil, e adotado por vários governadores de Estados do Brasil, a despeito da pregação contrária do presidente Bolsonaro, fizeram com que os brasileiros tivessem que reinventar seu comportamento em relação ao trabalho, ao consumo de produtos e serviços e à convivência familiar mais intensiva.
Como consequência imediata da permanência das pessoas em casa, por causa do isolamento social, há o aumento das contas de água, luz e gás, além de mantimentos. As pessoas estão sensíveis e buscam encontrar momentos de segurança e prazer. Só que a partir do estresse, da ansiedade, do sofrimento emocional e também, em casos mais agudos, do desespero com as finanças, aparecem os distúrbios financeiros. As pessoas acabam gastando mais, com a facilidade das compras online, inclusive de comidas, o que acrescenta alguns quilinhos, não só no corpo mas, também, nas faturas do cartão de crédito.
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Habitualmente, as pessoas já cometem erros na organização e condução de suas finanças, o que, em tempos de crise, como a atual, pode piorar. Os principais erros são:
1. Não assumir que estão endividadas – tem quem só trabalha para pagar dívidas e quem nem consegue pagá-las;
2. Não controlar os gastos, muito menos poupar uma parte;
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3. Usar o cartão de crédito como extensão da renda.
Numa situação dessas, ainda mais em tempos de crise, não dá para ficar parado: é preciso fazer alguma coisa porque continuaremos tendo gastos que, como dito anteriormente, até aumentam de valor.
Por isso, o tempo de quarentena deve ser aproveitado também para analisar como andam as finanças pessoais e familiares. O primeiro passo é fazer um diagnóstico da situação financeira atual. Na metodologia da DSOP Educação Financeira, o diagnóstico é realizado com base na anotação de todos os gastos, durante 30 dias, se tiver renda fixa, ou durante 90 dias, se a renda for variável.
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Neste momento, entretanto, o diagnóstico é feito em cima da situação financeira atual, levantando:
1º – Dívidas já existentes – tipos (se o não pagamento no vencimento, por exemplo, pode ter consequências mais sérias, como a perda do bem), juros (mais ou menos elevados);
2º – Do quanto precisa gastar para atender às necessidades básicas nos próximos 30, 60, 90 dias, identificando cada despesa (habitação, mercado, etc).
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De posse desse diagnóstico, elabora-se um orçamento. Aqui, já será possível prever se no final do mês vai faltar ou sobrar dinheiro: é o momento, então, de remanejar, substituir ou eliminar despesas. Pesquisas mostram que com esta simples providência é possível reduzir o valor total das despesas de 20% a 30%, sem qualquer perda no padrão de vida familiar ou pessoal.
De forma bem abrangente, a assessora de investimentos, Luciana Ilkedo, relaciona algumas dicas práticas que podem ser aplicadas no dia a dia, em qualquer tempo:
1. Nas contas de consumo: analisar as contas de água, internet, luz, telefone, etc; evitar banhos demorados, equipamentos ligados na tomada sem necessidade, lâmpadas acesas; juntar as roupas para lavar uma vez por semana, etc;
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2. Na alimentação: priorizar alimentação feita em casa e planejar-se para isso; por enquanto, não existe crise de abastecimento, não sendo necessário fazer estoques de produtos que podem estragar ou perder a data de validade;
3. Nas dívidas: para quem paga aluguel, procurar o locatário para negociar algum valor; para quem possui financiamentos imobiliários, de carros, de lojas, etc, entrar em contato com os credores, tentando obter pelo menos uma pausa nos pagamentos;
4. Na renda: quem estiver com a renda comprometida, por redução de jornada ou demissão, é hora de procurar alternativas de renda; tem pessoas que, com base em suas competências e habilidades, descobriram novas atividades para gerar renda;
5. Reserva para imprevistos: quem já a tiver, certamente vai usá-la neste momento, afinal é para isso que ela é constituída; quem ainda não tiver essa reserva, é hora de começar, mesmo num momento de escassez como esse.
Para a maioria de nós, a crise da pandemia do coronavírus nos lembra, apesar de toda a tecnologia de que dispomos hoje, da nossa fragilidade física, e também o quanto ela prejudica a segurança econômica, lança rotinas diárias de pernas para o ar, destrói planos e nos isola de parentes, vizinhos, colegas, amigos.
Neste caos, pode ser o momento para pensar num estilo de vida slow living em que menos pode ser mais, desacelerando o ritmo, aproveitando mais o tempo, repensando as necessidades, cuidando mais da família, entendendo mais sobre finanças e lidando melhor com os desafios que nos esperam.
A educação financeira que, para muitas pessoas, se resume a usar uma planilha de controle financeiro, realizar pesquisas de preços, saber fazer alguns cálculos e conseguir guardar dinheiro, na verdade é uma ciência comportamental. No dia a dia, nem todos os problemas são causados pela pessoa ou sua família, como mostra a pandemia do coronavírus.
No entanto, o comportamento diante dessa realidade, expresso através de hábitos e costumes, é uma escolha pessoal e familiar e vai definir como vamos seguir daqui para frente. Pesquisa já constatou que, passada essa crise, 88,4% dos brasileiros pretendem comprar menos por impulso.
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