Hora de mostrar poder

Exercer o poder é necessário, mas não no sentido que geralmente se atribui ao termo. Não tem a ver com caçar “inimigos” reais ou imaginários para derrotá-los ou eliminá-los. “Poder” é palavra de duplo sentido. Um deles, talvez o mais valorizado hoje em dia, é a capacidade de dominar alguém de forma violenta ou nem tanto, submeter o adversário. O outro sentido é o poder de fazer algo, é ser capaz, ser potente, o que não tem nada a ver com subjugação. Assim, há dominação ou potência. Longe de serem idênticas, são duas coisas que se excluem mutuamente, como observou o filósofo e psicanalista alemão Erich Fromm (1900-1980).

Para Fromm, em termos psicológicos, a ânsia de poder/dominação tem origem na fraqueza. Trata-se de um esforço desesperado para conseguir e exibir força simulada quando falta força autêntica. Na medida em que uma pessoa é potente, isto é, apta a realizar suas potencialidades e agir de forma criativa no mundo, ela não precisa subjugar nem tem sede de poder. Pelo menos, era nisso que ele acreditava.

No famoso ensaio Sobre a violência, a filósofa Hannah Arendt (1906-1975) afirma que o poder, em termos políticos, corresponde à capacidade humana não só de agir, mas agir de comum acordo. Ele “nunca é propriedade de um indivíduo; pertence a um grupo e existe somente enquanto o grupo se conserva unido”. Ou seja, desenvolve-se de modo pleno apenas em um ambiente plural. E, da mesma forma que a autoridade, o poder não é algo que uma pessoa “tem”, como um bem material ou qualidade inerente ao caráter. A garantia da autoridade é o reconhecimento incondicional daqueles que devem obedecer, em uma relação interpessoal na qual alguém vê o outro como seu superior, de maneira natural. Não há necessidade de coação, pressões desmedidas e ameaças, nem mesmo grandes esforços de persuasão.

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Tanto mais poder tem a autoridade que não precisa de coações e ameaças para mostrar firmeza e energia. O que é necessário para o Brasil neste momento é uma boa dose de “poder para”, ou seja, de capacidade: para enfrentar e buscar resolver os problemas reais que se acumulam. Por exemplo, os aumentos cada vez mais abusivos nos preços de alimentos, combustíveis, gás de cozinha, remédios, energia elétrica… A hora é de mostrar poder verdadeiro.

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Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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