Há 38 dias, a Gazeta do Sul madrugou e foi até a localidade de Linha João Alves, no interior de Santa Cruz do Sul, para conferir uma tradição centenária. O plantio da batata do ano, a Jahres Kartoffel, que resulta em uma batatinha de textura e sabor diferenciados, deu certo. As 18 vergas plantadas naquela madrugada devem render 450 quilos do tubérculo, muito aguardado na região.
A produtora Rosa Maria Weber sacou a enxada e o balde com salitre – fortificante para a terra – e se uniu ao vizinho Nestor Hentschke para capinar a pequena roça de Jahres, cultivada em parceria pelas duas famílias. “Esta é a hora de fazer a limpeza das mudas, virando a terra e podando algumas delas”, disse.
Segundo ela, o procedimento feito nessa etapa do cultivo garante o bom desenvolvimento da planta, rendendo em média meio quilo de batatinhas por pé. Ao todo são 18 vergas plantadas. A verga é como um canteiro, e o trabalho executado pelos agricultores nessa sexta-feira foi de virar a terra, retirar as pedras e aumentar a fertilidade do solo. “A gente tira um pouco das folhas também, o ideal é que fiquem apenas três ramos na terra”, ensinou Hentschke.
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Seguindo o fluxo natural e a previsão inicial feita por dona Rosa, na manhã fria de São João, a batata do ano estará pronta para a colheita a partir da segunda quinzena de outubro. “Não é necessário nenhum outro procedimento. Agora a gente espera o tempo de colher e consumir.”
Boas expectativas
Dona Rosa recebeu muitas ligações depois que a reportagem da Gazeta do Sul estampou a tradição seguida por ela, no interior de Santa Cruz do Sul. A expectativa feita em cima do número de batatas plantadas é de que o cultivo renda quase meia tonelada de Jahres Kartoffel – cerca de 450 quilos. “É bom mesmo, pois tem tanta gente que me pede batata para uma cozinhada que eu nem sei se vai ter que chega”, brincou.
Seguindo o costume dos antepassados, o plantio das batatas ocorreu entre a manhã e madrugada de 24 de junho passado. De acordo com a lenda, batata plantada nesse dia não sucumbe à geada. A grossa camada de gelo que branqueou os campos da região no último 14 de julho passou longe da lavoura. Nenhuma planta morreu, sequer ficou queimada com o gelo.
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Faz parte do ritual plantar a batatinha antes de o sol nascer para garantir proteção e sabor diferenciado. Quanto ao sabor, em meados de outubro, quando a colheita for possível, a Gazeta do Sul irá conferir e tentar fazer o tradicional Rievelsback – o bolinho de batata.
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