Meu primeiro Fora de Pauta numa data tão emblemática. Um acaso a ser celebrado. Por isso, não consigo não escrever sobre o 8 de março e toda a sua representatividade. Enquanto alguns falam, às vezes até de forma irônica, que o Dia da Mulher é todos os dias – e eu concordo com essa afirmação, assim como também em todos os dias é dia do homem, da criança, do idoso, do negro, do branco; afinal respeito, igualdade, direitos e deveres devem prevalecer e serem exercidos todos os dias, em todos os momentos.
Por outro lado, o dia 8 de março precisa ser lembrado. Até porque é nesse dia a dia, a que me referi há pouco, que ainda vivenciamos e presenciamos atos de discriminação e preconceito, intrínsecos em piadas, gestos, palavras. Já me peguei alguma vez em roda de conversa de maioria homem e simplesmente não ter espaço para falar e opinar, quando o assunto por exemplo é futebol, sendo que é um dos temas que mais fazem parte do meu dia a dia. E o que dizer quando você chama o mecânico porque no seu carro a bateria “morreu” pela terceira vez, e você argumenta com ele que pode ser problema no alternador ou algum chicote danificado que esteja drenando a bateria. e ele simplesmente lhe dá de ombros, desdenha das suas teorias – afinal, você é mulher e não pode entender de carro –, e ele só diz para comprar uma nova. E quando você está trabalhando na arquibancada do estádio, vê que do lado de dentro do gramado tem uma assistente mulher atuando e torcedores se aproximam do alambrado para fotografá-la, filmá-la, fazer piadinhas e a xingarem com termos vulgares. Não sei se ela viu e ouviu. Mas eu sim e doeu na hora. E dói ainda hoje.
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E o que dizer quando por uma simples forma de estar vestida desperta comentários, piadinhas, sendo alvo de assédio e que o constrangimento lhe dói tanto que a única coisa que se consegue fazer é baixar a cabeça, sair do local, engolir o choro e o sentimento de culpa por algo que não é sua culpa. Aliás, culpa do quê?
Ouvir que toda mulher loira é burra, ou então mulher na direção é perigo constante, são exemplos disseminados em nossa cultura, que passam despercebidos nas formas mais sutis dos discursos, de forma velada ou explícita.
Fico pensando: será que os homens se acham mais homens ao terem esse tipo de atitude? Ou realmente agem assim sem se dar conta de que estão sendo violentos e preconceituosos…Toda essa discriminação até pode estar enraizada na cultura, incrustada no pensamento estereotipado, a partir de um sistema socio-histórico, que condicionou as mulheres a uma posição hierarquicamente inferior na escala de perfeição metafísica. Mas cadê a evolução, o amadurecimento do ser humano? Tem atitudes e comportamentos que deveriam estar abolidos há muito tempo. Chega de machismo, de opressão, de violência física e emocional. Não merecemos isso.
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