“A presença germânica na região da Colônia Santa Cruz se insere no âmbito da formação da Heimat. Ser presença inclui sua língua, expressões idiomáticas, mas também seu mundo cultural, sua visão de mundo, saberes, mentalidade, jeito de ser, valores, culinária, poemas, cantos, música, hábitos, crenças provenientes do modo de perceber, entender e vivenciar o mundo!” – Prioresa Roberta Peluso, do Mosteiro da Querpikade.
Tenho pensado sobre o significado da homenagem à Imigração Alemã a ser conferida pela nossa Câmara de Vereadores na sessão solene do dia 13 de dezembro. Há muito venho pesquisando, lendo, estudando a contribuição advinda da imigração germânica para o desenvolvimento de nossa região. Devo reconhecer que, por mais que me empenhe, uma vida é pouco para abranger os frutos gerados por esse grande movimento imigratório que deu origem a Santa Cruz do Sul.
De todo modo, se apenas nos atermos a fatos, será impossível compreender toda a contribuição. Precisamos ir além dos fatos narrados por historiadores. Também não apenas olhar para representação muito presente em desfiles – a da família carregando mala com pertences físicos. É preciso volver um olhar para os pertences não tangíveis, para o que a mente e a alma acumularam e não cabe em malas, volver um olhar para o conjunto do legado cultural. Fazendo isso, teremos condições de cultivar relação positiva para com toda a contribuição daqueles que viveram antes de nós nesse lugar que nos coube cultivar no presente. Cultivar amorosamente nossa relação com o passado e o presente. Cultivar memória, cultivar legado.
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Isso me faz lembrar uma reflexão da escritora austríaca Marie F. von Ebner-Eschenbach, que viveu entre 1830 e 1916:
“Ich gehe langsam in den Laubengängen und zwischen den Wiesen hin und kann den Fuß auf keine Stelle setzen, die nicht vor langer, langer Zeit, oder vor einer noch nicht fernen, ein mir teurer Mensch betreten hat. Sie alle haben den dankbaren, fruchtbaren Boden unserer Heimat geliebt, und wenn ich über ihn hin schreite, umgeben sie mich, die Erbin dieser Liebe, sie mir ins Dasein.” (“Caminho lentamente por entre árvores e por entre campinas e me é impossível pisar em algum lugar que não tenha sido pisado há muito tempo, ou em tempo menos distante por algum ser humano que me é caro. Todos eles amaram este chão agradecido, frutífero de nosso lugar de viver. E quando caminho por este chão, todos eles me rodeiam em minha existência, herdeira que sou desse amor.”)
Nisso reside um dos aspectos mais significativos da homenagem da Câmara: reconhecimento e gratidão por aqueles que, convidados, vierem frutificar a terra santa-cruzense. Essa honraria contribui também para um olhar mais atencioso, para a valorização e o cultivo do legado cultural advindo da imigração e pertencente a Santa Cruz.
Com reconhecimento e cultivo do legado cultural que historicamente participa da constituição de nossa região, estamos em condições de cantar nossa aldeia. Se sabemos cantar nossa aldeia, não seremos presas fáceis de interesses globais que a tudo uniformizam. Benquerer pelo lugar onde se vive, bem como cultivo do legado dos antecessores, é elemento primordial para fazer um lugar ser único, inconfundível. Danke, Henrique Hermany, pela propositura desta significativa homenagem! Obrigada, vereadores! Obrigada, subprefeito João Cassep, pela instituição da Semana da Imigração Alemã. Obrigada a todos que se empenham pela valorização do legado cultural germânico de Santa Cruz do Sul!
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