O último capítulo de um crime cometido por uma quadrilha há quase 15 anos na região será finalizado nesta sexta-feira, 16, no Fórum de Vera Cruz, a partir das 9h30. Sete jurados vão analisar a conduta de Ricardo Silveira, 44 anos, réu em um processo que apura as circunstâncias de um assalto cometido contra mulheres em 2008.
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A ocorrência resultou em uma troca de tiros entre os autores do crime e a Brigada Militar (BM), com posterior prisão, indiciamento e denúncia de todos os seis envolvidos, entre eles assaltantes conhecidos nos meios policiais, como Máscara e Tamaguchi – hoje falecidos –, integrantes da quadrilha que era apontada na época como remanescente do bando de José Carlos dos Santos, o Seco.
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O caso a ser analisado aconteceu no dia 5 de dezembro de 2008. Utilizando um Chevrolet Kadett furtado às 16 horas na Rua Borges de Medeiros, no centro de Santa Cruz do Sul, a quadrilha organizou um ataque à empresa Náutica Cimitarra, na RSC-287, em Vera Cruz. Em torno de 50 trabalhadores da fábrica de barcos foram rendidos. Entretanto, sem encontrar dinheiro ou objetos de valor, os bandidos seguiram para Vale do Sol sem levar nada.
Conforme a denúncia do Ministério Público, quatro membros do bando, incluindo Silveira, Máscara e Tamaguchi, foram até a residência de duas mulheres na localidade de Linha Faxinal de Dentro, interior do município. No local, elas foram rendidas pelos criminosos armados e obrigadas a deitar no chão. Depois de roubarem dois celulares e em torno de R$ 50,00, os quatro assaltantes fugiram.
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Eles deixaram o Kadett na casa de um quinto comparsa, em uma propriedade rural de Linha Rio Pardense, também no interior de Vale do Sol. Naquela mesma tarde, os quatro autores do crime deixaram a residência com a ajuda de um sexto envolvido, um taxista santa-cruzense que conhecia os assaltantes e foi até o local fazer o transporte. No entanto, naquele momento, a Brigada Militar já havia sido acionada e dado início às diligências.
Fuzil, rifle e munições traçantes
Uma barreira foi montada por policiais do 23º Batalhão de Polícia Militar (23º BPM) na RSC-287, em um entroncamento da localidade de Linha Rio Pardense. Quando o Fiat Siena do taxista apontou na rodovia, os PMs deram sinal de parada, mas o motorista efetuou uma manobra brusca para tentar escapar. Foi quando os quatro denunciados desceram do carro e iniciaram os disparos. Os policiais revidaram os tiros e os autores tentaram fugir por uma lavoura de tabaco nas proximidades.
O taxista e o réu desta sexta-feira foram presos na hora. Os outros três que estavam no carro esconderam-se em áreas de mata. Todo o efetivo da Brigada Militar foi deslocado para a ocorrência e montou um cerco na região para capturar os assaltantes, que eram suspeitos de cometer crimes ao longo dos meses anteriores. Ao final daquela tarde, Máscara, que era foragido do sistema prisional, foi capturado escondido em Linha Rio Pardense.
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Posteriormente, na região de Candelária, policiais encontraram os outros dois que tinham escapado no carro. Em nova troca de tiros, Tamaguchi foi atingido no pé por um disparo e acabou preso. Ainda naquela noite, por volta de 23h40, o dono da propriedade onde os bandidos se esconderam e deixaram o veículo utilizado no crime também foi capturado. Na casa dele, a polícia apreendeu um fuzil Mauser calibre 7.62 e munições, algumas traçantes.
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À reportagem da Gazeta do Sul na época, o Setor de Inteligência da BM revelou estar procurando a arma há tempo. “Tínhamos a informação de que ela circulava entre quadrilheiros de Santa Cruz”, disse um dos PMs que participaram da ação. O último acusado, que tinha escapado na troca de tiros inicial, foi detido na manhã seguinte escondido em uma lavoura no interior de Vale do Sol. Ao final das diligências, os policiais ainda apreenderam um exemplar do famoso rifle Puma, um revólver 38 da marca Taurus roubado, outras munições e duas toucas ninja, que seriam objetos utilizados pela quadrilha.
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“Disparos efetuados chegaram a zunir no ouvido”
Conforme a promotora Maria Fernanda Cassol Moreira, o réu desta sexta-feira, Ricardo Silveira, atualmente em liberdade, responderá no Tribunal de Júri por associação criminosa, roubo e tentativa de homicídio contra os policiais. O delito de receptação, pelo qual ele também havia sido indiciado, terminou com a punibilidade extinta pela prescrição do crime. Um dos policiais que trocaram tiros com os quadrilheiros naquela tarde, sargento Severiano Vargas do Nascimento, conversou com a reportagem policial da Gazeta do Sul e relembrou a ocorrência.
Com 20 anos de atuação na Brigada Militar, o PM contou que esse foi um dos momentos mais tensos de sua carreira. “Estávamos em Santa Cruz e soubemos desse assalto em Vale do Sol e que os autores tinham arma longa. Apuramos que um veículo daqui iria buscar eles lá. Fomos e montamos a barreira. Quando percebi que era o táxi, tentei abordar, mas o motorista virou, alguns deles desceram e o tiro pegou na nossa direção. Os disparos efetuados chegaram a zunir no ouvido, de tão próximo que passaram”, disse Severiano.
De acordo com o policial militar, a ação instintiva é realizar uma abordagem preventiva, mas diante de uma troca de tiros, não havia outra saída se não repelir o ataque. “Ali na hora, é vida ou morte. A gente nunca vai procurar o confronto, apenas efetuar a prisão. Quem escolhe o confronto é o bandido. Após a voz de abordagem, se a pessoa se render, deve-se ir e fazer o que a lei diz. Mas se o cidadão atentar contra a vida, deve-se reagir à injusta agressão.”
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