Em um julgamento que durou quase nove horas, Júlio César Kunz, de 37 anos, foi condenado pela morte da ex-companheira, Miriam Roselene Gabe, de 33 anos, ocorrida em março de 2015, em frente ao Hospital São Sebastião Mártir, em Venâncio Aires. A pena para Kunz soma 28 anos e quatro meses, sendo 23 anos pelo feminicídio e cinco anos e quatro meses pela tentativa de homicídio de um vigilante que trabalhava na casa de saúde, que será cumprida em regime fechado.
A sessão foi presidida pelo juiz João Francisco Goulart Borges. Pelo Ministério Público atuou o promotor Pedro Rui da Fontoura Porto e pela defesa do réu, o advogado Carlos Heitor de Azeredo. Os jurados foram sorteados antes da entrada do restante das pessoas na sala e foi composto por cinco mulheres e dois homens.
Kunz está preso há pouco mais de dois anos, depois de se entregar à polícia um dia após o crime. Ele ainda baleou um vigilante na mesma ação, que foi gravada por uma câmera. Miriam foi arrastada pelo ex-companheiro e levada para fora do hospital. Ela conseguiu se desvencilhar momentaneamente, mas caiu no chão e foi atingida pelos disparos.
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O julgamento
A primeira testemunha a ser ouvida ouvida foi o vigilante baleado por Júlio César no dia do crime. Ele relatou que ficou seis dias internado por conta disso. Ele e um colega que estavam de vigia no hospital aquela noite tentaram intervir quando Júlio atacou Miriam. O homem relatou que fazia a segurança, mas estava desarmado. Segundo o vigia, Kunz primeiro chegou no hospital e perguntou se havia uma moça consultando e saiu. Um tempo depois Miriam saiu pela porta com o namorado. Logo depois ela voltou correndo e gritando por socorro. Nesse momento, segundo o vigia, Júlio César entrou com a arma.
A segunda testemunha de acusação foi um funcionário do hospital na época. Ele trabalhava na recepção e contou que Júlio César entrou no local com a arma na mão. Disse que ele ainda viu o momento em que réu arrastou Miriam até a rua e atirou a queima roupa na vítima.
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Duas testemunhas de defesa eram amigos de Júlio. Um deles contou que esteve com o réu um dia antes e que ele estava tranquilo. A última era um morador que presenciou a confusão entre Júlio e o então namorado de Miriam. Ele confirmou que os dois brigaram em frente à casa dele e depois saíram do local.
Durante o julgamento, Júlio César disse que naquela noite estava voltando da casa de um amigo quando o namorado de Miriam bateu na traseira do seu veículo. Ele contou ainda que quando se preparava para tirar o cinto de segurança, foi atingido por um soco no olho, nesse momento saiu pela porta do carona e passou a ser agredido pelo namorado de Miriam.
O acusado disse que depois disso foi para casa e tomou um banho. Ele alegou que foi ao hospital porque estava com o olho machucado em virtude do soco. Ele relatou que quando chegou ao local perguntou se havia um casal lá dentro porque viu um carro parecido com o do namorado da ex-mulher. Ele disse que quando soube que eles estavam ali, decidiu ir embora e que quando seguia para o carro o namorado de Miriam foi atrás dele. Que nesse momento teria sido ofendido e ameaçado por ele.
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Júlio César relatou que nesse momento foi ao carro, buscou uma arma e voltou ao hospital. “Quando voltei estava só ela. Nunca quis matar ninguém”. O réu disse que não agrediu Miriam naquela noite antes do crime. Sobre o tiro efetuado no vigilante, ele disse que o disparo ocorreu no momento em que tentava afastá-lo.
Depois de atirar em Miriam, ele disse que foi até as proximidades de uma ponte na RSC-287 e se desfez da arma. Ao fim do depoimento, o réu fez um apelo aos jurados. “Eu cometi um erro. Mas peço que não me julguem só por isso. Sempre fui um cara trabalhador, desde os 13 anos. Eu não sou um bandido. Cometi um erro”.
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