Todo mundo conhece o Felipão. Mesmo quem não gosta de futebol, tem uma ideia do que ele fez e ainda faz pelo esporte, seja pelas grandes conquistas nacionais e internacionais por equipes ou mesmo pela Seleção Brasileira. Ou até pela fatídica derrota por 7 a 1 para a Alemanha na Copa do Mundo de 2014, disputada no Brasil. É inegável que Luiz Felipe Scolari é influente e conhecido do povo brasileiro. Mas, em Santa Cruz do Sul, Almir Luiz Hermes, de 57 anos, conhece ele mais do que qualquer um.
Hoje, Hermes é sócio-proprietário de uma loja de pneus. Ex-goleiro, foi treinado por Felipão quando jogou pelo Grêmio e pelo Criciúma. E assevera: “Se o Felipão não tirar o Grêmio dessa situação, ninguém mais tira”. A frase foi dita pelo santa-cruzense ainda na sexta-feira, 10 de julho, pré-Gre-Nal, em entrevista à Gazeta do Sul. Foi o jogo que marcou a reestreia do técnico pelo Tricolor Gaúcho. Se é uma previsão correta, mais à frente saberemos, mas o fato é que naquele momento, eram oito jogos sem vitória – uma sequência negativa para o clube que não acontecia desde 2010.
Após a estreia com empate contra o Internacional, já são duas vitórias seguidas, ambas por 1 a 0 e fora de casa: contra a LDU no Estádio Casa Blanca, em Quito, pelo jogo de ida das oitavas de final da Copa Sul-Americana, e a primeira vitória no Brasileirão, contra o Fluminense, no Maracanã, Rio de Janeiro. O triunfo no Equador, na terça-feira passada, 13, dá a vantagem do empate nesta terça-feira, 20, para o Grêmio chegar às quartas de final da competição sul-americana. Mas esse lampejo de boa fase, para o santa-cruzense Almir, tem explicação.
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“Ele cobra e é correto com todos. Para ele, não interessa se o jogador for o Pelé do time, ou um atleta inferior tecnicamente. Alguns jogadores vieram e têm salários altos, começa a dar ciúme aqui ou ali, isso é complicado ao administrar no grupo. Mas ele trata todo mundo igual. Isso é algo que vai ser importante na sequência da temporada.”
Os boatos sobre as vaidades no grupo gremista, desde a época em que Renato treinava o clube, são tratados por Felipão de forma diferente, segundo o ex-goleiro, que conhece o vestiário sob o comando do técnico. Ainda assim, o atleta, com passagens por Grêmio, Criciúma, Inter de Santa Maria, Brasil de Farroupilha e Futebol Clube Santa Cruz, admite: “Jogador é uma raça difícil. Quando eles querem derrubar, é ligeiro. E eu digo sempre que, se precisar colocar a mão no fogo pelo Felipão, eu coloco. Justamente por esse jeito dele. Por isso, conquistou títulos em todos os lugares em que trabalhou.”
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Após conquistar o Gauchão pelo Grêmio em 1987, diante do Internacional e sob o comando de Felipão, Almir inicialmente ficou de fora do seleto grupo de atletas que participaria, dias após o título, de uma excursão pela Europa. Na estreia em solo europeu, o Grêmio venceu o Benfica por 2 a 1 em Berna, na Suíça. Posteriormente à partida, o clube viveu um dos episódios mais negativos de sua história.
Os jogadores Cuca, Eduardo (também conhecido como Chico), Fernando e Henrique foram presos, acusados – e depois condenados – de terem cometido estupro contra uma menor de 13 anos em um quarto de hotel, na cidade. O caso, que ficou conhecido como o “escândalo de Berna”, fez com que Almir fosse chamado às pressas para as partidas na Europa.
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“De goleiros, foram o Mazarópi e o Chico. Mas esse último foi preso. Aí eu e o Darci, meio de campo, fomos chamados por causa dessa história. Jogamos mais alguns amistosos na Bélgica, Alemanha e finalizamos na Itália contra o Pescara, time em que jogava o Júnior, atual comentarista de futebol.” Pela pouca quantidade de jogadores levada à excursão, com o agravante de que alguns foram presos, até o preparador físico do time na época, Celso Roth, que depois viria a ser treinador, vestiu o uniforme. “Foi cogitado que eu fosse para a linha, e o Celso Roth fardou para jogar também, mas acabou não entrando na partida.”
Dois episódios marcaram Almir, na relação com Felipão. Enquanto jogador do Criciúma, em 1991, o goleiro precisou ser operado após uma lesão na coluna. “A gente tirava uma parte do ‘bicho’, que é um valor em dinheiro que os jogadores recebem por atuar, para todos os atletas que ficavam de fora, na reserva. Ele fazia isso. Por duas vezes, ele tirou o valor total somente pra mim, porque eu estava machucado e ele não achava justo eu não ter a oportunidade de também receber.”
O outro caso foi em 1995. Na época, o Grêmio de Felipão jogava o Gauchão com time misto, o popular “Banguzinho”. Nem mesmo o treinador ia para algumas partidas. Naquele ano, Almir e Rodrigo Caetano, que depois virou um diretor esportivo de sucesso no País, jogavam no Brasil de Farroupilha e foram assistir a Grêmio e Juventude, em Caxias do Sul.
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Quando ambos estavam nas imediações do Estádio Alfredo Jaconi, Felipão chegou. Os seguranças e o diretor esportivo Cacalo passaram trabalho para conter os torcedores que o cercavam. “Falei para o Rodrigo nem chegarmos perto, que nem deixariam a gente conversar com ele. Caminhamos mais um pouco. Quando vimos, ele veio correndo. Largou todo mundo lá para vir falar com a gente. Qualquer outro ia se fazer que nem viu. Me lembro do Cacalo correndo atrás dele”, sorri Almir.
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