Uma das atrações da programação que irá marcar os 200 anos da imigração alemã no Rio Grande do Sul, em 25 de julho de 2024, foi anunciada nesse domingo, 9, durante almoço comemorativo aos 35 anos de fundação da Juventude Evangélica de Alto Linha Santa Cruz (Jealisc), no pavilhão da comunidade. Trata-se do lançamento de um livro que irá retratar a história do cemitério da Comunidade Evangélica de Alto Linha Santa Cruz, um dos mais antigos do município, de caráter comunitário e que se encontra preservado.
O local foi tombado como patrimônio histórico em 2010. A obra será organizada de forma voluntária pelos pastores Regene Lamb e Elio Scheffler, que atuaram na comunidade entre os anos de 2011 e 2018. Conforme Scheffler, o lançamento do livro está previsto para 21 de abril de 2024, quando se completam os 150 anos do primeiro sepultamento feito no cemitério. Isso, de acordo com o presidente da Jealisc, Rogério Harz, aconteceu 24 anos depois de a segunda leva de imigrantes alemães ter chegado àquela localidade. A primeira pessoa enterrada foi uma menina de 4 anos e 4 meses chamada Susana Weber.
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Responsável pelas traduções dos textos em alemão, Regene adianta que as 105 lápides identificadas serão documentadas. “Serão 160 páginas. Vamos fazer o resgate de tudo o que se tem até hoje, vai ter a foto de cada um dos túmulos, de frente e verso, com a tradução dos escritos em alemão e também a descrição das causas das mortes”, informou.
Ela disse que nas traduções é possível identificar a dor e o sofrimento enfrentados pelas pessoas em relação à própria vida, que era tida como “uma carga”. “Eles não tinham infraestrutura nenhuma. Essa região foi desbravada. Dá para ver nesses escritos o sofrimento das mulheres, que perdiam várias crianças em pouco intervalo de tempo, seja por doença, seja nos partos. As pessoas estavam à própria sorte”, acrescentou.
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Jovens ajudaram na restauração do cemitério
Abandonado desde a década de 1960, o cemitério comunitário começou a ser restaurado a partir de 1989, com a criação da Jealisc. Conforme o fundador, Cláudio Kistenmacher, que atualmente coordena os trabalhos de preservação no local, à medida que os trabalhos foram sendo feitos, as pessoas começaram a se motivar e dar ainda mais importância. “Isso aqui estava abandonado, em meio ao mato. Conseguimos concluir o trabalho de limpeza interna em 2015 e em 2017 concluímos o acesso”, contou.
Para ele, o cemitério pode ser considerado como um cartão-postal de Alto Linha Santa Cruz, que tem atraído pessoas de diversas regiões do Estado. O local, assim como a Igreja Evangélica, construída em 1887 e ainda em uso pela comunidade, integra a Rota Caminhos da Imigração, que divulga a região. Ao falar sobre a importância da restauração, o pastor Elio Scheffler enfatizou a importância do grupo de jovens. “Esse é o único lugar que eu conheço em que um grupo de jovens assumiu para si o cuidado da história dos seus antepassados. Eles têm trabalhado para valorizar e recuperar uma história que estava abandonada. Essa restauração foi planejada e está despertando o interesse de mais pessoas buscarem suas origens. É um trabalho único para Santa Cruz”, disse.
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Campanha para arrecadar recursos
Além do livro, a Comunidade Evangélica de Alto Linha Santa Cruz vai lançar um vídeo para igualmente mostrar o cemitério comunitário. Para custear as despesas com a impressão do livro são necessários R$ 22 mil; para a produção do vídeo, mais R$ 4 mil. Para tanto, está em andamento uma campanha de arrecadação de recursos, que pode ser feita em três modalidades: a classe ouro – que inclui a doação de R$ 1 mil ou mais, na qual o nome do doador será listado no livro e ainda dá direito a um exemplar; a classe prata – para doações de valores menores do que R$ 1 mil e que serão divulgadas no dia do lançamento, mas não serão publicadas no livro; e a classe vídeo – que irá arrecadar recursos para custear unicamente a produção do vídeo que vai mostrar toda a área do cemitério, detalhando as lápides.
Mudança do estatuto
Fundada em 9 de julho de 1988, a Juventude Evangélica de Alto Linha Santa Cruz (Jealisc) mudou seu estatuto em outubro de 2022. Desde então, passou a se chamar Associação Cultural, Recreativa, Esportiva e Social (Acres). “Agora somos Acres Jealisc”, explicou Kistenmacher. Conforme ele, a mudança para associação vai possibilitar, inclusive, a busca por mais recursos para a comunidade.
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Atualmente, a Igreja Evangélica tem à frente o casal de pastores Adriane e Jandir Sossmeier. “Eles estão conosco desde 2019, mas de forma voluntária a Regene e o Elio abraçaram a ideia de lançar o livro e estão nos ajudando voluntariamente”, informou o presidente Rogério Harz.
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