Saúde e Bem-estar

Hipotireoidismo congênito pode causar sequelas neurológicas no bebê

Celebrado todos os anos em 25 de maio, o Dia Internacional da Tireoide oferece uma oportunidade para destacar os múltiplos fatores genéticos, ambientais e outros, que contribuem para o desenvolvimento de doenças da tireoide.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a tireoide é uma glândula situada na região anterior do pescoço, cuja função é produzir dois hormônios: a tri-iodotironina (T3) e a tiroxina (T4), essenciais para a formação dos órgãos, para o crescimento, o desenvolvimento, a fertilidade e a reprodução.

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“Os hormônios também têm um papel fundamental na regulação de funções como batimentos cardíacos, sono, raciocínio, memória, temperatura do corpo e metabolismo”, acrescenta Claudia Chang, doutora e pós-doutora em Endocrinologia e Metabologia pela USP e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

Tireoide e gestação

Ginecologista e obstetra pela Santa Casa/SP, membro da FEBRASGO, especialista em Perinatologia pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein, em Infertilidade pela FEBRASGO e médico nos hospitais Albert Einstein, São Luiz e Pro Matre, Carlos Moraes afirma que, ao longo da gravidez, desde a concepção até o puerpério, a tireoide passa por importantes alterações.

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“O desenvolvimento neurológico fetal depende do hormônio tireoidiano. No entanto, a tireoide do feto só começa a ser formada a partir da 8ª semana de gestação. Enquanto isso, o bebê depende totalmente do hormônio materno. Isso significa que qualquer problema na tireoide da gestante pode afetar a evolução normal do bebê”, alerta Carlos Moraes.

Na gestação, uma das disfunções tireoidianas mais frequentes é o hipotireoidismo (pouca produção hormonal). Em janeiro de 2022, a Nature Endocrine Reviews publicou uma revisão atualizada sobre o tema, revelando que o hipertireoidismo pode ocorrer em cerca de 2,4% das gestações, enquanto o hipotireoidismo chega a 4%.

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Hipotireoidismo Congênito: como ele afeta o desenvolvimento do bebê

O hipotireoidismo congênito é uma doença rara, mas grave e silenciosa, que acomete 1 em cada 2,5 mil recém-nascidos, segundo o Departamento Científico de Endocrinologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Ele ocorre quando a tireoide não é capaz de produzir as quantidades adequadas dos hormônios tireoidianos, o T3 e o T4.

“Estes hormônios são essenciais para a formação do sistema nervoso central do bebê, desde a fase embrionária até os dois anos de idade. Quando há ausência ou insuficiência deles, o desenvolvimento da criança fica comprometido, podendo causar deficiência intelectual e manifestações neurológicas, incluindo ataxia, incoordenação, estrabismo, movimentos coreiformes e perda auditiva”, explica Claudia Chang.

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“A maioria das crianças com hipotireoidismo congênito nasce sem manifestações clínicas aparentes. Alguns sinais surgem semanas ou meses após o nascimento: icterícia persistente, hipotermia transitória, choro rouco, dificuldade respiratória no momento das mamadas, intestino preso, grande sonolência e hérnia umbilical. Assim que estes sinais forem notados, a avaliação médica deve ser imediata”, complementa Carlos Moraes.

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A maioria dos casos de hipotireoidismo congênito ocorre isoladamente e não há histórico familiar. Há também causas ambientais/externas, como ingestão materna insuficiente ou em excesso de iodo durante a gestação, uso materno de medicamentos antitireoidianos, passagem de anticorpos maternos que bloqueiam o receptor de TSH pela placenta e grandes hemangiomas hepáticos. Além disso, cerca de 15-20% dos casos de hipotireoidismo congênito têm causas genéticas.

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Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é feito pelo Teste do Pezinho, realizado através da coleta de gotas de sangue do calcanhar do bebê, sendo que o momento ideal para a coleta é entre 48 e 72 horas de vida. Para a confirmação, é necessário realizar a dosagem do hormônio T4 (total e livre) e do TSH em amostra de sangue.

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Segundo Claudia Chang, o hipotireoidismo congênito não tem cura, mas tem tratamento. Um dos principais é o uso do medicamento levotiroxina, que compensa a falta ou a insuficiência dos hormônios, e deve ser utilizado a vida toda. “O diagnóstico rápido e o início imediato do tratamento são fundamentais para prevenir sequelas neurológicas irreversíveis”.

“Em suma, a tireoide da gestante precisa fazer parte do pré-natal, do início ao fim, com a realização de exames que avaliem as funções tireoidianas ao longo de toda a gravidez. Só assim será possível identificar e tratar qualquer disfunção antes que a doença se instale”, finaliza o ginecologista e obstetra Carlos Moraes.

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