Não deu para o Temer. Mesmo com atitudes autoritárias tentando impedir o direito de expressão das pessoas no estádio da abertura da Olimpíada e mesmo com a maquiagem da grande mídia, que até aplausos fabricou em seus áudios, a vaia foi gigantesca, foi planetária. Bilhões de pessoas assistiram a um presidente acovardado, inominado, escondido, tentando não chamar a atenção. E Temer tem razão em se esconder da população que o reprova massivamente, mas devia precisar se esconder é da Justiça, caso esta não fosse tão seletiva. Até o momento Temer conta com a anuência de uma classe média indiferente à corrupção e à usurpação da democracia. Conta com o apoio de uma elite plutocrata que consegue emplacar seus programas de destruição de direitos sociais e trabalhistas. Para esta elite não importa se estamos em democracia ou ditaduras, o importante é garantir que seus privilégios continuem como sempre estiveram, à disposição.
E mais uma vez a cúpula do governo golpista aparece em delações, inclusive o interino, que já soma 12 aparições de peso. Segundo Marcelo Odebrecht, o impoluto Temer teria recebido R$ 10 milhões da empreiteira, dos quais R$ 4 milhões repassados a Eliseu Padilha e outros R$ 6 milhões a Paulo Skaf, presidente da Fiesp, o representante daqueles que jamais pagam o pato. Segundo os executivos da empreiteira, José Serra, que pelas urnas jamais chegaria ao poder, é acusado de ter recebido para sua campanha de 2010 nada menos do que atualizados R$ 34,5 milhões. E mais, o senador e relator do impeachment de Dilma no Senado, Antonio Anastasia (PMDB-MG), o hipócrita-mor do golpe, é acusado de receber polpudas verbas para o caixa dois de campanha. Aceitar que um bando de corruptos conduza um processo de impeachment é, no mínimo, um atestado de hipocrisia.
No Brasil, a corrupção dos amigos não é corrupção. A seletividade é a tônica deste processo golpista e antidemocrático. Pouco importa que o ex-diretor da Fiesp seja o maior devedor pessoa física da União, com débitos de R$ 6,9 bilhões, desde que esteja do lado das impolutas “pessoas de bens”. Pouco importa que Eduardo Cunha esteja solto, que a Justiça a cada dia se mostre mais partidária, que a liberdade de expressão seja ameaçada, que a educação seja desmantelada. As panelas continuam silenciosas.
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E a casa parece que caiu para o deputado e pastor Marco Feliciano (PSC-SP). A cada dia um moralista despenca. Feliciano, conhecido pelo racismo e homofobia virulentos, foi acusado de assédio sexual, agressão e tentativa de estupro pela jovem jornalista Patrícia Lelis, de 22 anos. Com o capeta batendo à porta, o pastor, conforme a acusação, não hesitou em mandar seu chefe de gabinete silenciar a jovem, obrigando-a a gravar um novo áudio desmentido as acusações. Deu ruim, o “capanga” de Feliciano acabou preso, acusado também de tentar manter a jovem em cárcere privado. Feliciano nega tudo e, como homem de Deus, diz que perdoa a jovem. Esta é a turma do golpe.
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