Abraçado pelo Cinturão Verde – área legalmente demarcada e considerada de interesse ambiental para Santa Cruz do Sul –, o Bairro Higienópolis é privilegiado pela localização próxima da natureza e, ao mesmo tempo, perto da área central do município. Com 2.869 habitantes, de acordo com o censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é um bairro quase que predominantemente residencial, mas, com o crescimento, tornou-se um ambiente propício para a instalação de negócios, como escritórios e clínicas, entre outros. Além disso, é diversificado, principalmente no que diz respeito ao lazer.
É o Higienópolis a casa do Tênis Clube de Santa Cruz, do Estádio dos Plátanos e é a porta de entrada para um dos mais importantes pontos turísticos da cidade: o Parque da Gruta, situado no Cinturão Verde. Pela sua tranquilidade, arborização e funcionalidade, quem mora no local dificilmente pensa em se mudar.
“Inicia em um ponto localizado no eixo da Rua Gaspar Silveira Martins, no entroncamento com o eixo da Rua Juca Werlang, de onde segue, pelo eixo das Ruas Juca Werlang e Ver. Benno João Kist, no sentido leste, até encontrar um ponto localizado no limite do Cinturão Verde, de onde segue, no sentido sudoeste, pelo referido limite, até encontrar um ponto (coincidente com o marco M035 do Cinturão Verde), seguindo ainda pelo limite deste, passando pelos marcos M036, M037, M038, M039, M040, M041, M042, M043, M044, M045, M046, M047, M048, M049, M050, M051, M052 e ponto (coincidente com o marco M053 do Cinturão Verde); deste ponto segue, no sentido sul, por uma linha reta e imaginária, até encontrar um ponto localizado no eixo da Rua João Werlang, seguindo pelo eixo desta, no sentido oeste, até encontrar um ponto localizado no entroncamento deste com o eixo da Rua Gaspar Silveira Martins, de onde segue, pelo eixo desta, no sentido norte, até encontrar o ponto inicial.” (Trecho da Lei Ordinária 8714, de 14/09/2021.)
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Parte da área que hoje forma o Higienópolis era chamada de Chácara das Freiras. Por anos, conforme pesquisa de José Augusto Borowsky, a chácara abasteceu o Hospital Santa Cruz e o Colégio Sagrado Coração de Jesus com alimentos produzidos pelas Irmãs Franciscanas, que chegaram a Santa Cruz em dois momentos: 1874 e 1905. Quando já estabelecidas, implantaram a chácara, que possuía aproximadamente 20 hectares, mas era dividida entre a parte do hospital, de 12 hectares, e do colégio, de oito.
As Irmãs do Sagrado produziam principalmente legumes, verduras, geleias, bolachas, manteiga e pão. Na chácara moravam freiras agricultoras e alguns funcionários. Na parte administrada pelo hospital havia criação de gado de corte e leite, suínos e aves. Ainda segundo Borowsky, foram as freiras que trouxeram as primeiras vacas holandesas para o município, a fim de melhorar o plantel e aumentar a produção de leite, nata, queijo e manteiga.
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Na área, também ficava o cemitério das freiras. Quando os primeiros lotes foram vendidos, os restos mortais foram exumados e levados ao Cemitério Católico.
Não foram encontrados registros sobre o porquê do nome Higienópolis. A origem da palavra vem do grego “pólis” unido ao substantivo “higiene”, com significado de Cidade da Higiene. Dados históricos apontam que, por volta de 1900, o Parque da Gruta começou a ser utilizado para a instalação da Hidráulica Municipal, e chegou a abastecer toda Santa Cruz do Sul. Assim, a água limpa e potável que o local oferecia aos moradores pode ter influenciado na escolha da nomenclatura.
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Uma fonte de água fica em um terreno na esquina das ruas Henrique Otti e Rio de Janeiro, e é responsável por 100% da água potável do Hospital Santa Cruz até os dias de hoje. Hoje desabitada, a casa ao lado dessa fonte foi utilizada como uma das últimas moradias das Irmãs Franciscanas em Santa Cruz.
Com 112 anos de existência, o Tênis Clube Santa Cruz está localizado na Rua Oswaldo Cruz, e foi o primeiro clube de tênis do interior do Rio Grande do Sul. A área para a construção da piscina foi adquirida em 1954. Nos anos de 1961, 1967, 1987 e 2004, houve a aquisição de mais extensões de terra que compõem hoje a área do Tênis Clube. Já em abril de 1993 foi iniciada a obra de construção da nova sede social, inaugurada no dia 10 de março de 2000.
No ritmo de desenvolvimento em que o Bairro Higienópolis caminha, o Tênis Clube tem pretensões de seguir crescendo, segundo o presidente Eleno Hausmann. “Em 2007, adquirimos o campo de futebol atual e, na minha opinião, foi uma decisão muito acertada. Estamos de olho em alguns terrenos que sonhamos em adquirir no futuro para solidificar o clube no coração da cidade”.
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Eleno reforça que a procura por esporte e lazer no Clube é intensa e, atualmente, o quadro social está quase no limite. “A região do Higienópolis cresceu muito e a procura, também devido ao Colégio Mauá, é muito grande. Além disso, muitos prédios estão sendo construídos nas redondezas, trazendo novos sócios”.
Uma boa parte do Higienópolis abriga o Colégio Mauá, um dos educandários mais tradicionais de Santa Cruz do Sul. Com mais de 40 mil metros quadrados de área, a instituição de ensino foi transferida do Centro para o Higienópolis em 1980, em uma decisão visionária e acertada, na opinião do atual diretor, Nestor Raschen. “Aqui havia espaço para a escola se expandir. No Centro, apesar de uma área interessante, havia limitações. Foi uma decisão de visão de futuro e que possibilitou à escola crescer. Hoje já temos mais de 2 mil alunos”.
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Raschen conta que a cidade também se desenvolveu, e o Bairro Higienópolis, que naquela época ainda era pouco habitado, foi evoluindo, com moradias e prédios sendo construídos nas imediações do Mauá. O diretor conta que o primeiro terreno de 20 mil metros quadrados no local atual foi recebido de doação em 1932. Mais tarde, em 1949, com a proibição da língua alemã, a Sociedade de Tiro encerrou as atividades e doou mais 20 mil metros quadrados para a escola. Inicialmente, o terreno no Higienópolis era utilizado para esportes e o prédio era usado como internato. “Os alunos dormiam aqui, iam estudar no Centro e as aulas de Educação Física eram realizadas nesse local”, explica.
Em 1980, o Hotel Águas Claras, que inicialmente ficava próximo à RSC-287, passou para a área onde está atualmente, no Bairro Higienópolis. Trabalhando no local há 33 anos, o gerente Sidnei Kanitz lembra que, na época, o espaço ainda tinha poucas edificações. “Em 1987, começou a construção aqui. Foi escolhido o Bairro Higienópolis, por ser tranquilo e arborizado. Era um terreno grande e ao mesmo tempo muito perto do Centro”, relembra.
O Águas Claras oferece boa estadia para quem deseja estar bem próximo da natureza. “A pessoa que está hospedada e quer fazer uma caminhada até a Gruta tem esse privilégio. Quando o hotel foi construído, toda a área verde foi preservada e isso se mantém até hoje”, completa o gerente.
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Segundo a assistente comercial, Giovana Lau, os clientes procuram pela tranquilidade que o estabelecimento oferece e pela funcionalidade também. “Muitas pessoas ligam e falam que querem ficar bem perto do Centro, mas que querem estar em um lugar muito calmo”.
O gerente destaca ainda que, nos últimos quatro anos, o Higienópolis cresceu na parte comercial. “Temos notado várias clínicas, escritórios, casas geriátricas”.
Natural de Vera Cruz e morador de Santa Cruz do Sul desde os 12 anos de idade, o aposentado Ingo Fischborn, de 70 anos, escolheu o Higienópolis para ser o lar de sua família em 2005. Quando as filhas eram pequenas, Ingo e a esposa Carmela moravam no Bairro Ana Nery e as meninas estudavam no Colégio Mauá. “Se a gente, naquela época, pudesse ter vindo morar mais perto, seria muito bom. Porque todo dia tínhamos que nos deslocar de lá para cá, não tínhamos carro”.
Morar no Higienópolis foi uma decisão tomada pela calma que o bairro tem. “Viemos porque é um bairro tranquilo, a casa é boa pra gente, é também perto do Centro. Nas minhas caminhadas, em 15 minutos estou no Centro”. Contudo, Ingo comenta que, com o progresso, vieram também questões como mais barulho e até alguns casos de furtos.
Embora more no local desde 2005, Ingo já conhece o Higienópolis há anos, pois foi aluno do Colégio Mauá quando a escola ainda ficava no Centro e as aulas de Educação Física aconteciam no atual terreno. “Nós vínhamos aqui no campo de futebol fazer as aulas. Aqui, naquela época, tinha tambo de leite e não existiam todas essas casas. Evoluiu muito!”
*Colaborou o jornalista José Augusto Borowsky
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