Na semana passada, lembramos da participação do santa-cruzense Ivo Kothe no 13º contingente do Batalhão de Suez. Chamados de Boinas Azuis, atuaram na Faixa de Gaza, durante os conflitos entre Egito e Israel em torno do Canal de Suez.
Ele era cabo e viajou em julho de 1963, retornando após um ano. A fronteira vigiada pelos soldados da Unef (Força de Emergência das Nações Unidas) tinha 80 quilômetros. A cada cinco quilômetros, havia um posto de observação permanente e patrulhas motorizadas.
Ivo diz que as adversidades eram enormes e geravam muita angústia. Além do risco permanente de conflitos, a temperatura no deserto do Sinai chegava a 50 graus. No inverno, caía a zero. A umidade do ar era baixíssima e os mísseis, perdidos na areia, explodiam com o calor.
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Outras ameaças eram os escorpiões e as tempestades de areia. Os soldados precisavam usar óculos e touca para proteger os olhos, ouvidos, boca e nariz da poeira. Nas refeições, a cabeça e o prato ficavam embaixo de uma toalha.
A comida fornecida pela ONU era boa. Mas, quando os gaúchos decidiram fazer churrasco com carne de camelo, a coisa complicou. Ao ser mastigada, ela formava uma espuma e só descia com cerveja.
Os soldados podiam manter um estoque de 24 latas de cerveja, que era usada até para lavar o rosto quando o caminhão-pipa atrasava a entrega de água. O gerador de luz só funcionava à noite, por quatro horas, e não havia nada gelado.
Antes de viajar, Kothe assinou a Gazeta do Sul, que chegava ao acampamento em Rafah, no Oriente Médio, via Ministério do Exército. Em um banho no Mar Morto, ele leu o jornal boiando, pois, devido ao alto teor de sal na água, as pessoas não afundam. A foto foi capa da Gazeta.
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Além de Ivo, os santa-cruzenses Lauro Junges, João Batista Job, Luiz Garcia, Cláudio Rech, Irmberto Stertz e Afonso Beckenkamp também integraram o Batalhão de Suez, em diferentes momentos.
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