A heroína chegou ao fluxo da Cracolândia, na Luz, região central de São Paulo. A Polícia Civil investiga um grupo de nigerianos e tanzanianos que está trazendo a substância do oeste da África e a comercializando em pequenas quantidades, que custam R$ 50 – cinco vezes mais cara que a pedra de crack.
Se antes a droga, um opióide extraído da papoula, aparecia apenas de maneira esporádica, agora basta ir ao local para encontrá-la, ainda que comercializada por poucos traficantes. A heroína disponível na Cracolândia é vendida em pequenos sacos, em pó, e é consumida em cachimbos, assim como o crack. O efeito entorpecente é mais fraco do que quando a substância é injetada, mas há maior risco de overdose.
Os principais usuários da droga não são brasileiros, mas outros africanos que moram na região central de São Paulo, principalmente nigerianos e tanzanianos. O consumo não é generalizado e não é comum encontrar usuários nas ruas, ainda dominada pelo crack.
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Agentes de saúde que atuam no local e psiquiatras que confirmaram a presença constante da droga por meio dos relatos de usuários. De acordo com eles, a substância circula há pelo menos dez meses, mas em pequena quantidade. “Eles comercializam à noite e vem até gente de fora para comprar” diz um agente de saúde que atua no local.
A reportagem circulou pelo fluxo com auxílio do agente, que apontou parte dos locais onde há o consumo, mas não foi possível ver nenhum usuário ou traficante que tivesse a substância. “Não é todo mundo que vende, é mais raro que as outras drogas. Para achar usuário, tem que olhar nas barracas”, diz.
Ao menos três dependentes químicos disseram que a droga está circulando, mas negaram consumi-la. “É coisa de gringo, custa caro”, disse um deles. Um dos rapazes ofereceu heroína à reportagem, “que tem efeito que demora mais para acabar”, mas afirmou que precisaria pedir a outra pessoa. Também exigia pagamento antecipado.
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Droga é mais comum na Ásia, Europa e EUA
O relatório mundial sobre drogas da Organização das Nações Unidas (ONU) de 2016 aponta que os opiáceos (ópio, heroína e morfina) têm cerca de 17 milhões de usuários pelo mundo.
O número global de usuários, segundo o estudo, mudou pouco nos últimos anos, afetando 0,4% da população global de 15 a 64 anos em 2014. A concentração do uso, segundo a ONU, acontece na seguinte ordem: Ásia oriental, Ásia central, Europa e América do Norte.
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Mesmo com uma queda de 38% na produção de ópio, o órgão vê baixa possibilidade de redução no consumo. O relatório destaca que houve um aumento do uso de heroína na América do Norte na última década, o que explica o aumento no número de overdoses pela droga.
Já na Europa, o consumo vem caindo. O Brasil não é citado no capítulo que fala sobre a droga – o destaque do País é em cocaína. O Irã registrou a maior quantidade de opiáceos apreendidos, respondendo por 75% da apreensão mundial em 2014. De toda a morfina apreendida no mundo, 61% vieram do país, além de 17% de toda a heroína. A Turquia aparece no relatório em segundo lugar nas apreensões de heroína, seguida pela China, Estados Unidos, Afeganistão e Rússia.
Apreensões
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5,03 quilos de heroína foram apreendidos pela Polícia Federal em 2013, segundo o Mapa de Apreensão de Entorpecentes. 75% das apreensões de ópio foram registradas no Irã em 2014; País também respondeu por 17% das apreensões de heroína em todo o mundo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.