Chama-se de “falácia argumentativa” uma afirmação com aparência de veracidade, mas carente de lógica ou fundamento. Um raciocínio frágil que tenta se mostrar como irrefutável, mas cuja construção precária não se sustenta. Não raro apela a preconceitos de toda espécie.
A falácia mais utilizada hoje – sobretudo por contribuição das redes sociais – é a redução “ad hominem”, argumento rasteiro por excelência. É aquela situação em que se discute não o conteúdo de uma opinião, mas o mérito de quem a emitiu. Assim, “ad hominem” pode ser traduzido como “contra a pessoa”. Não importa a mensagem, e sim o mensageiro; não se trata de analisar o que é dito no debate, mas quem está dizendo – para desqualificá-lo. E, ao atacar o outro, disfarçar a própria falta de ideias sólidas.
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É uma prática consagrada na política desde sempre. Avalia-se tal proposta não com base no suposto benefício para a coletividade, mas a partir da autoria: é do meu grupo ou do adversário? Quem sai ganhando? Isso é antigo como a humanidade. Ao mesmo tempo, a política é a área da vida onde é preciso conviver com a divergência, dividir espaço com ideias e pessoas com as quais não concordamos, como dizia Aristóteles. E isso não é idealismo, pois a pluralidade é a realidade do mundo, por mais que se tente uniformizá-la ou abafá-la. É inútil.
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O problema é que a “particularização” habitual na política profissional se disseminou por todos os espaços. Para muitos, importa menos o conteúdo de um pensamento do que saber se você é: direita/esquerda, crente/descrente, branco/negro, homem/mulher, hétero/LGBTQIAP+, e assim por diante. Como grupos que viveriam em mundos fechados, incapazes de entender as preocupações uns dos outros. A polis grega transformada em guetos autorreferentes.
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Se você pertence a A, não tem condições de avaliar nada que se refira a B. Portanto, críticas não são válidas. Elogios, sim: estes são sempre bem-vindos, não importa de que lugar venham. Redução do debate público a confrontações pessoais; redução da pessoa a sua inclinação ideológica, cor de pele, condição social, biológica ou padrão de comportamento. Se ainda lhe faltar uma etiqueta que o defina, não se preocupe. Logo criarão uma para você.
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