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Helsinque: educação de excelência, com inspiração brasileira

Foto: Arquivo Pessoal

Ponto de encontro: a Praça do Senado, no coração da capital finlandesa |

Após sete séculos de fogo cruzado entre Suécia e Rússia, a Finlândia finalmente conquistou sua independência em 1917. Com milhares de lagos e mais de dois terços do território ocupado pela floresta boreal, o país converge sua vibrante inovação, peculiar arquitetura e perfeita combinação de modernismo e história na elegante Helsinque.

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“Arquitetura é nossa forma de expressão, já que nossa língua é impraticável.” O chiste do arquiteto finlandês Alvar Aalto sobre a nação de pouco mais de 5 milhões de habitantes que falam um idioma ininteligível para estrangeiros retrata bem o ambiente da capital. Localizada entre o gélido Mar Báltico e dois grandes lagos, Helsinque é considerada modelo de planejamento urbano, com largas avenidas, prédios imponentes e funcionais, belos parques e lagos.

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O multiculturalismo se expressa, entre outros aspectos, na saudável mistura de igrejas protestantes e catedrais ortodoxas, estas uma herança dos 108 anos sob a Rússia czarista. Capital do Grande Ducado da Finlândia desde 1812, Helsinque foi projetada pelo arquiteto alemão Carl Engel com a grandiosidade russa modelada pelo Art Nouveau e por estruturas modernistas. As principais atrações estão a poucos passos umas das outras, com o coração da cidade na Praça do Senado, dominada pela alva e imponente Igreja da Cúpula (Tuomiokirkko), um elegante e simples exemplo do estilo ortodoxo do século 19.

Ao leste da cidade, outro belíssimo templo é parada obrigatória. A Catedral Uspenski é a maior igreja ortodoxa da Europa Ocidental, com seus tijolos vermelhos coroados pelas inconfundíveis “cebolas” douradas. Explorando a periferia, encontrei ainda a magnífica igreja Temppellaukio, escavada em uma rocha e coberta por uma abóboda que parece suspensa pelos raios solares. Encerrei a visita à cidade admirando o monumento a Jean Sibelius, um dos grandes compositores do século 20.

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O modelo de educação finlandês é reconhecidamente um dos melhores – o melhor talvez – do mundo, admirado pela metodologia e pelos excelentes resultados alcançados ano após ano, em comparação com outros países. Eis que uma das inspirações pedagógicas da Finlândia vem da filosofia e dos ensinamentos do educador Paulo Freire. O país mantém um prestigiado Centro de Estudos em Educação que leva o nome do brasileiro (há outros centros e institutos Paulo Freire nos EUA, Canadá e em vários países europeus).

Nomeado patrono da educação no Brasil em 2012, Freire recebeu homenagens e títulos de dezenas de universidades europeias e americanas. Infelizmente, morreu (1997) sem ver seu método adequadamente aplicado em seu próprio país, coisa que, aliás, até hoje está longe de acontecer. Menos mal que não precisou escutar absurdos vindos de alguns de seus compatriotas nos dias atuais, motivados por questões meramente políticas. Para uma parcela significativa de seus conterrâneos, em geral aqueles que não leram ou pouco entenderam sobre o pedagogo pernambucano, seu legado, aclamado e admirado no mundo desenvolvido, tornou-se bode expiatório diante da precária qualidade da desamparada educação brasileira.

Em seu país natal, Freire é, ironicamente, vítima da ignorância contra a qual dedicou sua magnífica obra literária e pedagógica. Uma de suas ideias centrais é de substituir o conceito “bancário”, onde o aluno é visto como tábula rasa aberta às preleções do professor, pelo ensino baseado no diálogo e na interação com o ambiente do aprendiz. Este florescer da responsabilidade crítica e do poder criativo, consensual e adotado em países desenvolvidos como a Finlândia há décadas, é, no Brasil, visto por muitos como ferramenta comunista.

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Coincidência ou não, os que atacam Paulo Freire são, em geral, os mesmos que combatem vacinas, acreditam em vermífugo para tratamento de vírus, defendem a proliferação de armas para deter a violência, idolatram a filosofia política de um astrólogo parlapatão e pedem supervisão militar para melhorar a educação das crianças. Por enquanto, em nosso país, segue vivo o curioso costume de combater o veneno atacando o antídoto.

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