Os profissionais do transporte escolar também estão entre os mais afetados pela pandemia, por causa da interrupção das aulas presenciais. Sem a renda do serviço, o orçamento doméstico precisou ser alterado. O dinheiro poupado passou a ser utilizado para despesas básicas. Quem não tinha excedente precisou buscar alternativas. Em Santa Cruz do Sul, alguns se reinventaram: tornaram-se motoristas de aplicativo, de linhas industriais e de lojas de materiais de construção. Outros foram para a lavoura.
De acordo com o vice-presidente da Associação do Transporte Escolar em Santa Cruz do Sul (Assate), Márcio Alberto Frantz, que está há 17 anos no ramo, o único respiro para o setor aconteceu entre setembro e dezembro do ano passado, quando algumas escolas retomaram o ensino presencial. Porém, o faturamento foi 40% menor, em razão do volume reduzido de alunos. A Assate conta com 22 membros. No município, são 47 motoristas cadastrados. A estimativa é de 1,6 mil crianças transportadas.
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Para Márcio, no período foi possível estabelecer protocolos sanitários seguros e as aulas poderiam ser retomadas, ao menos no Ensino Infantil e nos anos iniciais do Fundamental. “É uma perda muito grande para as crianças. Não só pela questão pedagógica, mas também no lado comportamental, do convívio entre eles”, destacou. Márcio acredita que os professores são essenciais na sociedade e, por isso, deveriam ser vacina dos de forma imediata. “A educação precisa ser tratada como prioridade.”
Para os microempreendedores individuais (MEIs), as linhas de crédito com carência de seis meses ajudaram. Márcio conseguiu acessar o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) e o financiamento do Banco do Povo. Entretanto, colegas não preencheram requisitos e não puderam obter os recursos. “Em alguns casos, não puderam nem receber o auxílio emergencial. Tiveram que recorrer a outras alternativas para se sustentarem.”
Conforme Márcio, todos os 22 integrantes da Assate permanecem ativos, aguardando o retorno das aulas presenciais. Márcio lamenta a falta de perspectiva. “Tive a experiência de voltar a trabalhar durante três meses. Pude ter contato com os pais, planejar a lista para a van na retomada. Outros colegas estão desde março do ano passado sem esse contato. Fica complicado pela relação de confiança entre a família e o motorista”, concluiu.
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A empresa de transporte Sayonara transporta alunos da rede pública. Para reduzir custos e conseguir manter a operação, precisou cortar 50% do quadro de motoristas. Além disso, as linhas normais de passageiros do interior foram afetadas. “Não tivemos faturamento nenhum desde março do ano passado no transporte escolar. Foi terrível para todo o segmento. Até empresas maiores estão passando sérias dificuldades”, comentou o administrador, Josias Sulzbacher.
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“Estão quase quebrando”
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Os deputados-membros da Comissão de Economia e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa se reuniram com o subchefe da Casa Civil, Bruno Pinto de Freitas, no último dia 6, para falar sobre a crise no transporte escolar.
O deputado estadual Adolfo Brito cobrou soluções do governo estadual. “Há empresas que estão em situação financeira precária e ainda precisam fazer a manutenção dos seus veículos, pagar altos valores de taxas e impostos de circulação, para cumprir as exigências das vistorias. Mas estão há um ano sem receita, quase quebrando”, afirmou.
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