A morte de uma das figuras mais emblemáticas da história recente política santa-cruzense completa um ano nesta segunda-feira. Em 20 de dezembro de 2020, a dez dias de completar o segundo mandato como prefeito, Telmo José Kirst faleceu no Hospital Ana Nery aos 76 anos, após uma luta de dois anos contra um câncer disseminado.

Foi o primeiro caso na história do município em que um prefeito morreu ainda no exercício do mandato. A situação mais próxima é a de Arthur de Jesus Ferreira, que se licenciou por causa de problemas de saúde em 1955 e foi substituído pelo vice Elíbio Mailaender, que foi quem concluiu o mandato.

Telmo havia sido diagnosticado com um tumor no intestino, que logo se espalhou para outros órgãos, em 2018. Por opção, jamais falou publicamente sobre a doença. Embora suas condições tenham se debilitado aos poucos, manteve as atividades como prefeito – foi nesse período, por exemplo, que, após romper com o PP, partido pelo qual militava há décadas, filiou-se ao PSD e colocou a sigla, até então inexpressiva, na linha de frente da política local. Com a pandemia, diminuiu o ritmo de trabalho e as aparições públicas, mas ainda participou da campanha eleitoral de 2020, quando apoiou a candidatura de Jaqueline Marques, secretária de Educação em seu governo.

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A notícia de sua morte comoveu a comunidade e teve repercussão regional e estadual, por conta de sua extensa trajetória na vida pública. Filho de um integrante do antigo PSD, formado em Direito e com passagem pelo movimento estudantil, foi duas vezes vereador (a primeira com menos de 30 anos, no início dos anos 1970), seis vezes deputado federal, uma vez vice-prefeito, uma vez deputado estadual e duas vezes prefeito. No Congresso Nacional, compôs a Assembleia Nacional Constituinte e votou pelo impeachment de Fernando Collor.

Ainda presidiu a Corsan e a CRM e foi duas vezes secretário de Estado – uma delas de Obras Públicas, quando esteve à frente do projeto do Lago Dourado, de longe o seu maior legado. Também passaram pelas mãos de Telmo obras como as pavimentações da RSC-287 (entre Santa Cruz e Santa Maria), da BR-471 (entre Santa Cruz e Pantano Grande), da ERS-400 (entre Candelária e Sobradinho) e da RSC-453 (entre Venâncio Aires e Lajeado), além do asfaltamento das vias laterais do Distrito Industrial e do Aeroporto Luiz Beck da Silva. Também atuou na criação da Unisc, na década de 1990, ao ceder, na condição de secretário, o maquinário utilizado na terraplanagem e aterramento da área onde hoje fica o campus central.

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Como prefeito, Telmo teve a gestão fiscal como uma obsessão e conseguiu manter as contas em dia, sem atrasar salários de servidores, apesar das adversidades econômicas. Também foi responsável por liquidar alguns passivos antigos do município, como a regularização dos serviços de saneamento e de transporte coletivo urbano e a dívida com a AES Sul. Entre as obras que levam a sua assinatura estão a rótula do Bom Jesus, o Centro Integrado de Segurança no Bairro Arroio Grande, a ciclovia do Acesso Grasel, as “superparadas” de ônibus do Centro e as reformas do Hospitalzinho e Cemai, além de pavimentações de diversas ruas.

Deixou ainda uma série de projetos ainda não concluídos, como o complexo turístico do Lago Dourado e o calçadão da Rua Marechal Floriano. De perfil combativo, também notabilizou-se por embates virulentos com adversários, em especial na reta final.

Telmo Kirst deixou quatro filhos – Luciano, João Paulo, Fernando e Maria – e quatro netos, frutos de seu casamento com Tereza Cristina Sperb.

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