Há livros que, ainda que sejam de ficção, mudam por completo a concepção da realidade, alterando o mundo a partir desse momento. É provável que o mundo jamais teria sido o mesmo, nos últimos 30 anos, não tivesse o escritor norte-americano Michael Crichton, então com 48 anos, publicado um romance de ficção científica chamado Jurassic Park. Era novembro de 1990, e o ambiente brasileiro e global encontrava-se em uma espécie de vertigem. No País, vivia-se a Era Collor. No mundo, acabara de cair o Muro de Berlim, e com ele ruía a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Então, o mundo artístico foi impactado pela notícia do lançamento de um livro que, pasmem!, recriava os dinossauros, levando uma legião de fãs a, no imaginário, voltarem ao Período Jurássico. As gerações mais recentes dificilmente poderão ter real dimensão do efeito que a obra teve. A ideia que hoje se faz, as imagens que vêm à mente relacionadas a dinossauros e animais deste distante passado, de todo desaparecido, anterior à queda do meteoro sobre o planeta Terra, não existiam em absoluto até 1990.
Foi com Crichton, e com a imediata adaptação desse romance para as telas, no Brasil como Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros, cuja estreia ocorreu em 1993, sob direção do mago Steven Spielberg, que os dinos se transformaram em coqueluche global. Até hoje, é uma das mais bem-sucedidas produções do cinema em todos os tempos, e foi a maior bilheteria da história até o lançamento, em 1997, de Titanic, que, por sua vez, suplantou os dinos.
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E tudo começou com Crichton. Ele já era, na ocasião, um autor de cinco romances, dos quais o segundo, O enigma de Andrômeda, de 1969, adaptado ao cinema em 1971 por Robert Wise, se destacava. Roteirista, produtor e diretor de cinema, Crichton tinha boa relação com o universo das telas. Além de tudo, era médico, do ambiente da Medicina e das ciências. Acertou em cheio ao apostar na Paleontologia e nas investigações em torno da engenharia genética (hoje algo onipresente, mas no início dos anos 90 quase tabu).
Crichton nascera em 1942, em Chicago, e pôde vivenciar, na infância e na adolescência, o salto tecnológico da segunda metade do século 20, que levou o homem até a Lua. Com sua imaginação, faria mais: levaria o homem para o mundo dos dinossauros. Ou melhor: traria os dinossauros ao presente. Com tal façanha, tornou-se um dos autores que mais venderam livros no mundo. E Jurassic Park virou uma franquia. Hoje, quando alguma pessoa se depara com a reprodução de um dinossauro, em brinquedo ou álbum, aquilo certamente é devedor a Crichton.
Também por tal motivo, é provável que a opção de milhares de estudantes, nos anos seguintes, por cursos na área da Paleontologia, bem como o incremento havido nas pesquisas e projetos nessa área, tenham relação direta com o livro e com o filme. Estudar e interessar-se pelo mundo dos dinossauros, pelo Jurássico, foi decorrência natural para os leitores do romance e para os fãs do filme. Dos romances e dos filmes, aliás, pois Crichton lançou uma continuação, O mundo perdido, em 1995, igualmente adaptada por Spielberg, em 1997, como O Mundo Perdido: Jurassic Park. Depois do lançamento de Jurassic Park, em 1990, ele ainda publicaria mais de uma dezena de livros, a maioria igualmente bem-sucedida.
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Outros acabaram sendo publicados de maneira póstuma, pois faleceu em 4 de novembro de 2008, aos 66 anos, em Los Angeles. Acabava ali a história do autor, mas sua obra projetava-se para o futuro de forma definitiva. Trinta anos depois, é um romance que permanece tão atual como foi naquele momento, e parece que será eterno, como a própria projeção dos dinos sobre o imaginário dos humanos.
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