O escritor e professor mineiro Guto Leite, radicado em Porto Alegre desde 2008, estará em Santa Cruz do Sul neste sábado, em atividade que integra o circuito cultural Nossa Arte Circula RS, do Serviço Social do Comércio (Sesc/RS). A programação, na parte da tarde, a ser desenvolvida no ambiente da Praça da Cultura José Paulo Rauber Filho e no Coworking Cultural, em anexo, envolve várias atrações, sendo o bate-papo com Guto uma delas.
No entanto, já pela manhã ele estará na cidade, especificamente para participar da reunião da Academia de Letras de Santa Cruz do Sul, que ocorre no Café Dona Boleira, na Rua Marechal Floriano, 77, muito próximo da Praça da Cultura. O encontro regular da academia inicia-se às nove horas, mas Guto Leite integra-se ao grupo de escritores locais a partir das 10 horas. A mesma programação do Nossa Arte Circula RS foi desenvolvida nessa sexta-feira à tarde em Venâncio Aires.
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E foi a partir dessa cidade que Guto conversou com a Gazeta do Sul, na quinta-feira à tarde, quando já havia chegado a Venâncio Aires. Manifestou a sua expectativa pela viagem a Santa Cruz, e diante da oportunidade de conversar com autores da região, bem como de, neste sábado à tarde, dirigir-se ao público em geral em cerca de uma hora de bate-papo na ação do Sesc.
Guto tem 42 anos. Nasceu em Belo Horizonte, em 1982, mas posteriormente morou em Juiz de Fora, já mais próximo da divisa com o Rio de Janeiro. Entre 2000 e 2005, cursou Linguística na Unicamp, em Campinas, e nessa época começou a escrever e a publicar. Lançou diversos volumes de poesia, tanto pela editora Scortecci quanto pela 7Letras. Até que em 2008 sua mãe transferiu-se para Porto Alegre, em compromisso profissional, e ele decidiu acompanhá-la, experiência que era para durar um ano.
Ao final daquele ano, ela acabou deixando novamente a cidade, mas ele não, permanecendo em definitivo na capital gaúcha. Ali, fez especialização em Literatura Brasileira sob orientação do professor Luis Augusto Fischer, na Ufrgs, e emendou com mestrado e doutorado na mesma área, com o mesmo orientador. Em 2014, ele próprio tornou-se professor na mesma instituição, vínculo que permanece até hoje.
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Em paralelo, segue com a carreira na literatura, tendo lançado um primeiro romance, Devoção, pela editora Zouk, em 2021. E é sobre o conjunto de sua obra que falará com os acadêmicos e o público em geral em Santa Cruz neste sábado.
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O enredo de Devoção, o primeiro romance de Guto Leite, desenvolve-se em torno de uma viagem que um personagem faz, de ônibus, entre Pelotas e Porto Alegre. Há, assim, o ponto de vista do viajante, mas também o de um pássaro que, do lado de fora, acompanha esse percurso em voo. E que, em certo momento, também assume ponto de vista. O veículo, com o personagem em seu interior, e o pássaro estabelecem um vínculo, a um ponto em que já não se sabe se é o segundo que segue o primeiro, ou se não é o segundo quem guia.
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Em prosa poética, ou em recortes que por vezes soam a roteiro cinematográfico, o livro se estabelece em lampejos, depoimentos variados, de diferentes emissores, também no ambiente urbano da capital. Fragmentário, polifônico, o romance se filia a já rica e instigante tradição pós-moderna, que tem na inventividade e na pulverização dos pontos de vista narrativos uma marca. Os temas abordados confrontam o leitor com questões sociais, políticas e comportamentais, na ordem do dia do debate público, inclusive o da pressão ambiental.
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À Gazeta do Sul, Guto Leite antecipou que uma questão que pretende abordar, em suas conversas em Santa Cruz, são as consequências decorrentes da inserção, na literatura, de fatos ou acontecimentos da vida real, do próprio autor ou da sociedade. Quando um escritor de algum modo se apropria de histórias que ocorreram com familiares, amigos ou conhecidos, e os insere em seu texto, como isso se processa no âmbito da literariedade?
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