Após ter lançado “Corinthians do Ary Vidal” em 2019, em uma narrativa emocionante da era vitoriosa do time santa-cruzense de basquete na década de 1990, o jornalista Guilherme Mazui Roesler avança no tema com um segundo livro, produzido de forma independente com a edição de Ricardo Düren.
O título é sugestivo: “7 mil dias. A volta de Santa Cruz do Sul à elite do basquete”. Foi o período de 19 anos de ‘vacas magras’ do Corinthians, desde a despedida da Liga Nacional em 2002 até a estreia no NBB em 2021. Nesse intervalo, muita coisa mudou. Os clubes União e Corinthians anunciaram uma fusão e a principal competição de basquete do Brasil passou a se chamar Novo Basquete Brasil (NBB), organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), de forma independente da Confederação Brasileira de Basquete (CBB).
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Para construir um conteúdo de profundidade, a apuração envolveu 30 entrevistas. Foram dois anos de seleção do material coletado. Após o rascunho da primeira versão, o livro foi concluído com 196 páginas, além de outras 16 páginas com fotos coloridas no miolo.
A ideia do livro nasceu em 2021. O União Corinthians disputou o Brasileirão da CBB e foi campeão. Emocionado com a conquista, Mazui sentiu que a retomada do basquete santa-cruzense estava, de fato, se tornando realidade. O autor começou a trabalhar após um conversa com o diretor de basquete do clube, Diego Puntel. O ingresso no NBB, para a temporada seguinte, estava no planejamento.
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Mazui separou as entrevistas e usou as tabelas de jogos pra traçar a linha do tempo da história. Os sites da CBB e do NBB têm informações detalhadas de todos os jogos. As páginas, somadas aos vídeos das partidas, permitiram descrever melhor as partidas. “Entrevistei comissão técnica e atletas das campanhas do CBB e da NBB. Ouvi também o pessoal que estava no time de 2002. Os jogos do Brasileirão da CBB e do NBB 14, assisti nas redes da CBB e do NBB e ouvi a live no YouTube da Rádio Gazeta. A apuração também passou pesquisa em sites de jornais da região, no arquivo físico da Gazeta do Sul e em perfis de redes sociais”, explica.
Ao longo do livro, Mazui contou as histórias dos atletas. A retomada não foi só do basquete de Santa Cruz do Sul. Por causa da pandemia, os atletas ficaram parados e alguns pensaram em desistir do basquete. Na saga, o escritor presenciou retomadas individuais e uma ampla volta por cima de uma cidade apaixonada por basquete. “Me chamou atenção o tamanho do trabalho desenvolvido por Athos Calderaro e Diego Puntel. Sem a parceria, persistência e competência dos dois, ainda estaríamos vivendo de saudades”, afirma.
Entre os pontos marcantes do conteúdo levantado, estão a despedida da Liga Nacional em 2002, a reconquista do título gaúcho, o título do Brasileirão da CBB em 2021 e a disputa da primeira temporada do NBB, também em 2021. A façanha, desta vez, foi recolocar o agora União Corinthians na maior competição mesmo com baixo orçamento. “Os protagonistas da retomada (direção, comissão técnica e atletas) são de Santa Cruz e foram contagiados pelo basquete na Era Ary Vidal. Caras que não se conformavam com a situação. É a importância do espelho para os mais jovens”, pontua.
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De acordo com Mazui, pairava a sensação de fadiga em 2002, após mais de uma década do Corinthians na primeira divisão, vindo de sete anos entre os melhores clubes do país, com um título brasileiro em 1994. Voltar a ganhar o título gaúcho, já com Athos e Puntel, ajudou ao devolver a autoestima perdida. No título do Brasileirão, estava um trampolim para o retorno à elite. “A cidade acionou toda a memória afetiva da Era Ary Vidal, se reconectou com o clube. No NBB, as vitórias em casa diante de São Paulo e Franca foram emblemáticas”, observa.
Na visão de Mazui, a saga do ala/pivô Guilherme Teichmann, agora com 39 anos, é linda. Trata-se de um garoto que vivia no ginásio em 1996 e 1997. Sonhava em ser jogador de basquete em razão do que via no Arnão, nas belas jogadas de João Batista, Alvin, Marc Brown, Pipoka e companhia.
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O guri se desenvolve e vira jogador de Seleção Brasileira, tem uma carreira de altíssimo nível e perto da aposentadoria, desarquiva o sonho de um dia jogar pelo time do coração. Faz isso no NBB. O Teichmann atual serve de espelho para os guris que brincam no ginásio hoje. “Assistir às imagens dos jogos do NBB no Arnão me marcou. Você via amigos de infância, colegas, ex-professores e ex-atletas. E muitas crianças que só sabem das façanhas do nosso basquete por vídeos ou relatos. Entendi que valia a pena contar essas histórias que se entrelaçam e ajudam a formar nossa identidade da cidade como uma terra do basquete. Isso não pode se perder”, analisa.
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Mazui encontrou uma forma de reconhecer o trabalho realizado pela atual gestão ao narrar e descrever as dificuldades e o apoio financeiro restrito durante a retomada. Ele também compreende que as críticas aparecem diante das derrotas. Contudo, segundo Mazui, é necessário um equilíbrio nas contestações. “Nosso time passa por uma curva de aprendizado. Exagerar nas críticas pode matar o projeto, que é justamente o que a cidade não precisa. É fundamental se manter na elite de forma sustentável, bem como conseguir patrocínios mais robustos. Nosso orçamento impede de brigar lá no alto. Sem o trabalho de Athos e Puntel, não estaríamos no NBB. O livro reconhece o esforço deles e de uma série de outros abnegados que vivem o basquete na cidade”, avalia.
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O lançamento do livro faz parte das atividades da Semana do Basquete que a prefeitura de Santa Cruz do Sul organiza para potencializar a presença da Seleção Brasileira na cidade para os jogos contra Porto Rico e Estados Unidos neste mês.
Mazui trabalha com a pré-data do lançamento no dia 22 de fevereiro, véspera do jogo entre Brasil e Porto Rico pela eliminatória do Mundial masculino adulto.
A equipe do secretário de Habitação, Desenvolvimento Social e Esporte, Everson Carvalho de Bello, atua em uma programação que vai contar com a distribuição do livro, entre outras ações programadas para a Semana do Basquete. “A ideia é que essa primeira tiragem do livro seja distribuída. Quem comparecer ao lançamento, fica com o seu livro”, explica.
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A iniciativa conta com patrocínios de Unisc, KTO e LupaGraf, além do apoio da Prefeitura de Santa Cruz do Sul.
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