Cultura e Lazer

Guatemala: admirável civilização (quase) perdida

O que restou das enigmáticas civilizações pré-colombianas é prova de que a história do continente americano tem milênios antes dos europeus aportarem na América, e estou convencido de que a melhor parte dela aconteceu bem antes da chegada do navegador genovês.

O núcleo de Tikal, centro geográfico e econômico da região que chegou a ter 500 mil habitantes, requer pelo menos um dia inteiro para ser visitado. Cada posição solar revela novas cores e surpreendentes segredos. Alberto, um simpático e erudito guia com sangue maia, soube conectar perfeitamente a mágica do ambiente com a descrição dos costumes de seus antepassados.

Parque de Tikal, na Guatemala, contém mais de 3 mil construções maias

Na Praça Maior e cercanias, o alinhamento, significado e propósito dos templos, palácios e pirâmides ainda não foram completamente decifrados, mas já revelam um profundo conhecimento astronômico e científico, além do fascinante aspecto ritualístico da civilização. A meticulosa observação de astros e estações do ano era muito superior à dos europeus do mesmo período, e o calendário maia continha o ano solar com precisão que a Europa só atingiria no século 17. A matemática já usava o zero e a tradição escrita era altamente sofisticada. Infelizmente, muito do que poderia auxiliar os estudiosos da cultura maia foi considerado literatura pagã pelos colonizadores espanhóis e, consequentemente, acabou sendo destruído. Obviamente, nem tudo era perfeito. Os rituais de tortura de inimigos e os sacrifícios humanos aos deuses, em geral, de prisioneiros de guerra, eram prática comum entre os maias.

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Em 2012, indicações do calendário maia foram confundidas com o fim do mundo. Adeptos do conceito cíclico do tempo, os maias descreviam, na realidade, o final de um período. Em vez do armagedom, eles teriam apontado para uma mudança planetária ou uma nova era. Alguns especulam que conexões globais, inteligência artificial e a polarização política mundial poderiam ser sinais de um ponto de inflexão. Tal mudança será para melhor? Tornar-nos-emos mais sábios e solidários? São perguntas que só a espiral evolutiva do tempo, de forma paciente e precisa, poderá responder.

Belize, belezas naturais e estabilidade política

Em 1837, a Guatemala sofreu uma terrível epidemia de cólera. Uma das consequências foi a deposição do regime liberal de Rafael Carrera, que governava o país desde 1821. Em troca da construção de uma estrada ligando a costa do caribe à capital, Cidade da Guatemala, Carrera cedeu o controle do território do Belize à Grã-Bretanha. A estrada jamais foi construída, mas o império britânico incorporou o país, inicialmente como colônia e, após a independência de 1981, como parte da Comunidade Britânica de Nações, da qual ainda faz parte. A língua oficial da nação é o inglês e o monarca britânico, cuja efígie figura nas moedas e notas do dólar belizense, é o chefe de estado.

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Cenário único: ruínas da civilização maia entre a fauna e a flora guatemaltecas

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Entre as coisas que me marcaram no país estão o contato com a amistosa e multiétnica população (de origem maia, espanhola, africana e com um contingente significativo de fazendeiros menonitas germânicos), a saborosa culinária local e as impressionantes ruínas maias na fronteira com a Guatemala. Passei o tempo mínimo necessário na Cidade de Belize, a maior do país, e parti rumo ao Distrito de Cayo, passando pela capital Belmopan, no centro do país.

“O Castelo” é a pirâmide central da cidade maia de Xunantunich, em Belize

Com base na cidade fronteiriça de San Ignacio, paraíso de exploradores da rica natureza da região, atravessei de balsa o belo rio Macal para atingir meu objetivo em território belizense: a cidade maia de Xunantunich (senhora das rochas). Ainda que menos impressionantes do que as ruínas do lado guatemalteco, o isolamento e os poucos visitantes transformam a visita em uma interessante aventura por antigas construções de até 1.300 anos. O principal templo, O Castelo, pode ser escalado, porém, a falta de cercas de proteção e o alto risco de queda me preocuparam um pouco. A vista do topo compensa o esforço, revelando a espessa floresta tropical e as várias cidades dos dois lados da fronteira Belize-Guatemala.

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Ricardo Gais

Natural de Quarta Linha Nova Baixa, interior de Santa Cruz do Sul, Ricardo Luís Gais tem 26 anos. Antes de trabalhar na cidade, ajudou na colheita do tabaco da família. Seu primeiro emprego foi como recepcionista no Soder Hotel (2016-2019). Depois atuou como repositor de supermercado no Super Alegria (2019-2020). Entrou no ramo da comunicação em 2020. Em 2021, recebeu o prêmio Adjori/RS de Jornalismo - Menção Honrosa terceiro lugar - na categoria reportagem. Desde março de 2023, atua como jornalista multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, em Santa Cruz. Ricardo concluiu o Ensino Médio na Escola Estadual Ernesto Alves de Oliveira (2016) e ingressou no curso de Jornalismo em 2017/02 na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Em 2022, migrou para o curso de Jornalismo EAD, no Centro Universitário Internacional (Uninter). A previsão de conclusão do curso é para o primeiro semestre de 2025.

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