Foi em uma roda de conversa que mais funcionou como um espaço de troca de experiências que terapeutas ocupacionais de todo o País participaram de uma visita ao Laboratório de Inovação Social (LAB), da Mercur, em Santa Cruz do Sul, nessa sexta-feira. Formado por 70 profissionais e estudantes, o grupo, que integrou o 15° Congresso Brasileiro de Terapia Ocupacional ao longo da semana, em Porto Alegre, fez questão de se deslocar ao município para conhecer o trabalho do projeto Diversidade na Rua.

Trata-se de uma iniciativa criada ainda em 2011 e que tem a premissa de desenvolver recursos de tecnologia assistiva para pessoas com deficiência (PCDs). Produtos como suportes que se encaixam em lápis e canetas para facilitar o manuseio, borrachas de apagar maiores e mais pesadas, tinta guache de frasco cilíndrico, além de cinta de posicionamento para cadeirantes, foram alguns dos exemplos trazidos para o centro da roda. Um momento de troca em que temas como colaboração, trabalho multidisciplinar e inclusão protagonizaram os diálogos.

Terapeuta ocupacional em Porto Alegre, Mariana Saar afirmou que um dos grandes desafios da atuação hoje é a falta de produtos que facilitem a autonomia dos pacientes. “O nosso mercado é carente no ramo das adaptações. Muitas vezes somos nós, dentro dos consultórios, que elaboramos esses recursos. O problema é que nem sempre essas ‘gambiarras’, como costumamos chamar, são efetivas.” Na visão de Mariana, a possibilidade de contar com o apoio de uma indústria que produza esses dispositivos com o suporte de uma equipe multidisciplinar faz a diferença e traz segurança ao tratamento. 

Os terapeutas ocupacionais trabalham hoje para ampliar a independência de pessoas com paralisia, autismo e deficiência física ou que apresentem outro diagnóstico que interfira na autonomia. “Um dos nossos propósitos é atuar para que eles possam, sozinhos, almoçar, escrever, pintar e desenvolver outras atividades”, esclareceu. 
Na esteira desse processo, a colaboradora da Mercur, Silda Santos, se concentrou em explicar como funciona o processo de cocriação dos produtos.

Para desenvolver os dispositivos, o projeto conta com a colaboração de profissionais das áreas de design e fisioterapia, entre outros. Depois, os dispositivos vão para uma fase de teste em escolas e demais entidades onde os PCDs possam utilizá-los. “Deixamos de trabalhar para as pessoas e passamos a trabalhar com as pessoas. É nisso que acreditamos.”

SAIBA MAIS

Fazer junto
O professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Educacional do Rio de Janeiro, Leonardo Valesi Valente, 37 anos, foi outro terapeuta ocupacional presente na visita ao laboratório. Segundo ele, o grande legado do encontro foi a possibilidade de troca e o de “fazer junto”. “O nosso trabalho não pode ser isolado. Precisamos expandir. E quando há uma indústria atenta a isso, ficamos contagiados.”

Colaboração espontânea
nOs produtos do projeto Diversidade na Rua não estão disponíveis em papelarias e lojas. O acesso aos dispositivos se dá por meio do site loja.mercur.com.br. Para cada produto há três preços e é o consumidor quem escolhe qual deles pagar. O primeiro e mais barato é batizado como justo. Já  o segundo e o terceiro apresentam acréscimo de 10% e 20%, respectivamente. Mais informações sobre a rede Diversidade na Rua em www.diversidadenarua.cc.