Representantes de entidades ligadas à área da agricultura na região começaram as tratativas para viabilizar a criação do curso superior de Tecnologia em Agroecologia pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) na unidade de Santa Cruz. A instituição mantém na cidade o curso superior de Tecnologia em Horticultura, mas após a formatura de 18 alunos neste ano, não haverá mais oferta, em razão da baixa procura. “Ainda não sabemos se haverá essa possibilidade. Por enquanto, Cachoeira do Sul vai suprir a demanda regional. Na unidade, existem os cursos de Agronomia e Tecnologia em Agroindústria”, destacou o professor de História e coordenador da Escola Família Agrícola de Santa Cruz (Efasc), João Paulo Reis Costa.
A ideia de criar o novo curso na unidade da Uergs foi um dos assuntos discutidos em encontro na última terça-feira, na Efasc. A reunião debateu experiências concretas em agroecologia, para fortalecer a produção familiar e construir alternativas sustentáveis para o desenvolvimento rural. A iniciativa foi da Articulação em Agroecologia do Vale do Rio Pardo (AAVRP), criada em outubro de 2013 e formada por 11 entidades. É um movimento para dialogar e criar um espaço para a integração de esforços das redes locais e regionais de produção sem a utilização de agrotóxicos.
Para Costa, quem escolhe produzir alimentos de forma orgânica acredita que está sempre sozinho. “Temos que fazer a informação circular. As pessoas que trabalham com agroecologia enfrentam dificuldades para encontrar outras pessoas que também atuam nessa área, para fazer um intercâmbio”, explica. “Temos demandas que precisam se transformar em propostas. Precisamos criar uma agenda em comum entre as 11 entidades.” Conforme a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), 70% dos alimentos in natura consumidos no Brasil estão contaminados por agrotóxicos.
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Desses, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), 28% contêm substâncias não autorizadas
Além das entidades vinculadas, agricultores independentes participaram dos debates. Há encontros mensais para discussão de assuntos como a Semana de Alimentos Orgânicos, que será destacada no dia 22 com a Feira Pedagógica da Efasc.
Costa lembra o histórico positivo do Vale do Rio Pardo na produção de alimentos orgânicos. Ele cita o Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (Capa), a Feira Jovem de Boa Vista, a Associação de Agricultores Produtores de Alimentos de Sinimbu e a Feira Ecológica do Bairro Santo Inácio. “Há um conjunto rico de entidades e pessoas em uma luta cotidiana para produzir alimentos sem nenhum veneno. Eles provam que dá para gerar renda e manter uma propriedade desta forma. A AAVRP deseja que essas experiências se multipliquem.”
QUEM FAZ PARTE
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Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (Capa)
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs)
Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul (Efasc)
Escola Família Agrícola de Vale do Sol (Efasol)
Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA)
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater)
Comissão Pastoral da Terra (CPT)
Centro de Referência em Saúde do Trabalhador dos Vales (Cerest)
Associação dos Agricultores Ecológicos de Santa Cruz do Sul
Centro de Desenvolvimento do Jovem Rural (Cedejor)
Cooperativa Regional de Agricultores Familiares Ecologistas (Ecovale)
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