Há cerca de seis meses, as manhãs são diferentes para um grupo de santa-cruzenses. Às 5 da manhã os telefones celulares já fervem de mensagens dos outros membros mandando acordar, colocar os tênis, para que o dia comece com corrida. No local combinado, geralmente em frente a casa de algum membro da equipe, 16 participantes que no dia a dia são nutricionistas, advogados, bancários, professores e industriários se tornam apenas corredores. Por cerca de 10 quilômetros recheados de risos, suor e motivação, o grupo toma conta das calçadas e ruas da cidade, enquanto a maioria dos moradores ainda dorme.
Desde dezembro, a equipe reunida pela autônoma Clarice Hochscheidt, de 52 anos, parte às 5h30 para correr todas as terças, quintas e sábados. A iniciativa tem trazido frutos para todos os participantes, que destacam as vantagens da prática em grupo. “Sozinho tu corre menos e acaba nem percebendo, mas no grupo um chama e já anima os outros”, conta.
Segundo Clarice, em maio do ano passado, ela e o marido estavam treinando para uma maratona e, após o evento, sentiram falta desses momentos. Assim surgiu o primeiro grupo de corrida, reunido através do Facebook e do WhatsApp, que se encontra à tardinha e aos domingos e já conta com quase 60 participantes. No final de 2017, a consultora de produtos de beleza e atleta, que acorda todos os dias às 4 horas, teve a ideia de convidar amigos e conhecidos para se juntar a ela na prática matinal. No início, apenas seis pessoas toparam o desafio, mas com o tempo, outros componentes foram chegando.
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Para a bancária Carina Thumé Soares, de 36 anos, o convite veio há cerca de um mês. Antes disso, ela já se exercitava na academia e costumava correr sozinha, mas lutava para encontrar o incentivo para ir mais longe. “No grupo encontrei a motivação para correr mais e dar o melhor de mim.” Para ela, o grupo oferece a segurança para correr quando as ruas ainda estão desertas, além de uma série de fatores. “A gente cria muitas amizades e um cuida do outro no caminho, isso tem um valor muito grande”.
A maior mudança foi o ajuste no despertador. “É uma mudança de rotina intensa passar a levantar tão cedo. Mas de manhã começo a receber as mensagens e parece uma festa”, conta Carina. Além das vantagens físicas como a maior resistência cardiorrespiratória, ela nota que já consegue correr distâncias maiores e também benefícios emocionais e mentais da prática em grupo. Entre os ganhos estão ainda uma melhora no sono e maior qualidade de vida.
A corrida em grupo oportuniza a formação de novas amizades e até casamentos. Clarice conta que conheceu o marido, o professor Luciano Correa de Ávila, de 50 anos, através do esporte. Há três anos, uma amiga virtual em comum marcou os dois em uma publicação no Facebook e acabou sendo cupido para o porto-alegrense e a moradora de Santa Cruz, unidos no amor pelas corridas. Ele, que corre há 35 anos, participa do grupo diurno, já que as aulas o impedem de acordar tão cedo.
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Entre as vantagens de madrugar, Clarice destaca que, no verão, esse horário é o mais fresquinho. Para ela, a disposição para enfrentar o dia, o quanto se sente bem e como o dia rende após a corrida são as maiores vantagens. O grupo é independente, não tem ligação com nenhuma academia ou instituição e os integrantes não pagam nenhum tipo de mensalidade. “É por amor pelo esporte, é uma parceria.”
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