Além da adesão maciça dos professores à greve, outras categorias do funcionalismo também prestaram apoio e alteraram o funcionamento de seus serviços. Com o objetivo de pressionar o governo em relação ao pacote que a entidade avalia como um ataque aos direitos dos trabalhadores, os servidores das delegacias da Polícia Civil da região aderiram parcialmente à paralisação. “Desde segunda-feira estamos trabalhando com base na Operação Padrão, que determina alguns regramentos para o nosso atendimento”, afirma o inspetor e representante regional do Sindicato dos Agentes de Polícia do Rio Grande do Sul (Ugeirm), Orlando Brito de Campos Júnior.
A orientação, segundo ele, é de que sejam registradas somente ocorrências de crimes. Também decidiu-se que não serão colhidos depoimentos referentes às ocorrências registradas. Os autos de prisão em flagrante serão lavrados apenas com a presença da autoridade policial e por ordem de chegada. Viaturas sem condições e sem combustível não serão utilizadas. Além disso, a Operação Padrão determina o cancelamento de diligências ou buscas policiais, exceto nos casos de crimes graves como homicídios, latrocínios, roubos, estupros, ou que tenham crianças e mulheres como vítimas. Outra categoria que aderiu parcialmente à greve são os servidores do Balcão Ambiental Unificado.
Já a 6ª Coordenadoria Regional de Obras Públicas (Crop), que possui dois servidores em Santa Cruz do Sul, continuará funcionando normalmente, segundo o responsável pelo órgão, Jonas Müller Rocha. Os trabalhadores ligados à Inspetoria Agropecuária paralisaram totalmente as atividades ontem. Entre os serviços afetados nesse setor estão a emissão de Guia de Trânsito Animal (GTA) e o atendimento ao público.
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Com isso, a orientação para os criadores é de que as vacinas contra a febre aftosa devem ser adquiridas e aplicadas até o final do mês, mas a entrega das notas na inspetoria terá de ser feita só depois do período de mobilização. Além disso, não ocorrem fiscalizações de eventos agropecuários e do trânsito de produtos e animais. Outra atividade de fiscalização que deixa de ser executada por enquanto é a de abatedouros.
Serviços de saúde
Segundo a responsável pelo núcleo local do Sindicato dos Servidores de Nível Superior do Poder Executivo do Estado (Sintergs), Karine Ely, a 13a Coordenadoria Regional de Saúde, que possui 70 servidores (50 ativos), vai decidir nesta quinta-feira, em assembleia, se vai aderir de maneira parcial ou total à greve. “No Estado, já há 5 mil servidores em greve, o que representa 65% do efetivo. Aqui em Santa Cruz, a adesão ainda é parcial. Como realizamos serviços essenciais de saúde, precisamos manter no mínimo 30% do efetivo trabalhando. Se optarmos pela greve, iremos definir como essa questão irá funcionar”, explicou Karine em entrevista à Rádio Gazeta.
De acordo com ela, já ocorreram duas reuniões com vereadores de Santa Cruz, contando com a presença dos deputados estaduais Edson Brum e Kelly Moraes. “Estamos buscando apoio junto aos parlamentares.” “O voto a favor do pacote é um voto contra o povo gaúcho e contra a saúde, educação e a segurança da população”, salientou a responsável pelo Sintergs.
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O cenário
Na região de abrangência da 6ª Coordenadoria Regional de Educação (6ª CRE), até quarta à tarde 27 escolas continuavam totalmente fechadas e 48 mantinham atendimento parcial. Em atendimento normal havia 23. Já em Santa Cruz do Sul, 11 instituições haviam aderido à greve em sua totalidade e sete estavam funcionando de maneira parcial.
Questionada sobre o cenário para os próximos dias, a Secretaria Estadual da Educação informou que os dados mostram a diminuição da greve e da adesão total das escolas no território gaúcho. “Tínhamos 526, agora temos em torno de 490. As escolas com paralisação parcial são dados muito relativos, pois em 60% delas o pessoal está trabalhando. E esses dados se mantêm estáveis”, disse em nota da assessoria da comunicação.
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